São Paulo, terça-feira, 23 de abril de 1996
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Sargento da PM é suspeito de matar líder

LUCAS FIGUEIREDO; ABNOR GONDIM
DOS ENVIADOS ESPECIAIS

O primeiro suspeito de ter executado um dos líderes dos sem-terra no conflito de quarta-feira passado já foi identificado pelo Ministério Público do Pará. É o sargento Getúlio Marques, da PM (Polícia Militar) de Marabá, Leste do Estado.
Os investigadores chegaram até o nome do sargento por intermédio do boné do militar e do depoimento de uma menina de 13 anos que presenciou o massacre e cujo nome é mantido sob sigilo.
No relato que fez a promotores, a testemunha contou que viu quando o sargento atirou a queima roupa em Oziel Alves Pereira, 17, depois de ele ter sido retirado de uma casa onde estava escondido.
A menina disse que pegou o boné do sargento depois do confronto. A peça trazia identificado o primeiro nome do militar e está com promotores que cuidam do caso.
O sargento -ferido no olho durante o conflito, aparentemente por pedrada- está em Marabá.
Cautelas
O procurador de Justiça Luiz Tavares Bibas disse ontem que a punição dos culpados não será dificultada pelo fato de a PM de Parauapebas não ter entregue até agora o registros que identificam nomes de policiais militares e respectivas armas, as cautelas.
A PF apreendeu as armas utilizadas pela PM na operação e também já tem a relação dos militares envolvidos. Mas somente com as cautelas será possível identificar os usuários de cada arma.
O procurador foi informado sobre o problema pelos policiais federais que foram no sábado apanhar as armas no quartel da Companhia da PM em Parauapebas.
O comandante da companhia, major José Maria Oliveira, entregou a relação dos 68 PMs e das 65 armas usadas no episódio, mas comunicou que não seria possível identificar o usuário de cada arma porque as cautelas foram devolvidos aos soldados.
"Pelo Código Penal Militar, a punição dos militares envolvidos independente da cautela para identificar quem usou cada arma", disse ele.
Livros
O presidente do Inquérito Policial Militar, coronel João Paulo Vieira da Silva, disse que vai requisitar do comandante da companhia os livros de registros onde devem constar os nomes dos soldados e a arma que cada um levou.
Ontem, foram enviados mais três promotores e 20 policiais federais a Curionópolis para ajudar nas investigações. Eles irão colher mais depoimentos de sem-terra.
(LUCAS FIGUEIREDO e ABNOR GONDIM)

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