São Paulo, terça-feira, 23 de abril de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ação não tem prazos, afirma Israel

Ataques continuam

IGOR GIELOW
ENVIADO ESPECIAL A BEIRUTE

O primeiro-ministro de Israel, Shimon Peres, disse ontem que não há prazo definido para o fim da operação militar contra os guerrilheiros do Hizbollah.
"Vinhas da Ira é uma operação que não é limitada por um prazo, mas por seus objetivos. O objetivo é levar a tranquilidade para as comunidades do norte de Israel", disse em sessão do Parlamento, em Jerusalém.
Israel afirma que a Operação Vinhas da Ira, que entrou ontem em seu 12º dia, foi iniciada para eliminar a ameaça de ataques do grupo radical islâmico Hizbollah (Partido de Deus) contra o norte do país.
Peres falou durante uma sessão legislativa extraordinária, tumultuada pela expulsão de dois deputados comunistas que protestaram contra a ofensiva no Líbano. Um deputado árabe também deixou a sessão.
Sobre o massacre de 101 civis na base da ONU em Qana, Peres acusou o Hizbollah de ter utilizado "cinicamente civis para provocar uma tragédia terrível, que lamentamos, mas pela qual não somos responsáveis".
O líder do partido de direita Likud, Binyamin Netanyahu, fez uma intervenção para pedir ao governo que continue "com tenacidade sua luta contra o terrorismo e alcançar os objetivos da operação no Líbano". Netanyahu é o principal adversário de Shimon Peres nas eleições de 29 de maio.
O Hizbollah disparou ontem dez salvas de mísseis Katiucha contra a região de Kiryat Shmona, ferindo duas pessoas.
Um civil libanês morreu e outro ficou ferido em ataques no sul do país. Um taxista também foi morto na estrada que passa pelo litoral do país (leia abaixo).
As localidades de Nabatieh e Damour e Naame, na costa, também foram bombardeadas.
Acredita-se que na região de Damour exista uma base do grupo radical Frente Popular para a Libertação da Palestina.
Negeociações
O secretário de Estado dos EUA, Warren Christopher, esteve ontem na Síria para apresentar proposta de mediação para um cessar-fogo entre Hizbollah e Israel.
O premiê do Líbano, Rafik al Hariri, e o presidente da Câmara dos Deputados libanesa, Nabih Berri, também foram a Damasco para participar das discussões. O conteúdo da proposta norte-americana não foi revelado.
Christopher também se reuniu na capital libanesa com os chanceler da França, Hervé de Charette, e da Rússia, Ievgueni Primakov. Os dois, junto com a União Européia, tentam articular uma proposta conjunta de paz.
O porta-voz do Departamento de Estado, Nicholas Burns, disse acreditar que a trégua deve ser acertada até o final da semana. Christopher partiria à noite para Israel e retornaria hoje a Damasco.

Texto Anterior: Estudantes fazem manifestações
Próximo Texto: Dia de luto nacional une as religiões no Líbano
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.