São Paulo, terça-feira, 23 de abril de 1996
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Dia de luto nacional une as religiões no Líbano

IGOR GIELOW
DO ENVIADO ESPECIAL

O Líbano declarou ontem um dia de luto oficial pelos 101 civis mortos no ataque israelense contra Qana, na quinta-feira passada.
Desde o ataque, fitas pretas em sinal de luto foram distribuídas para moradores de Beirute. Ontem, o comércio das cidades fechou e faixas pediam o fim da Operação Vinhas da Ira.
Boa parte dos carros de Beirute ostenta fitas pretas afixadas nas antenas e soldados de patrulhas libanesas amarraram hoje panos negros nas baionetas de seus fuzis.
O premiê Rafik Al Hariri rezou na hora do almoço em uma das mesquitas centrais de Beirute.
Lojas, bancos e órgãos do governo fecharam em todo o país. Ao meio-dia, os libaneses fizeram um minuto de silêncio.
Ao todo, cerca de 130 civis libaneses morreram nos 12 dias de ataque israelense. Três membros do Hizbollah foram declarados mortos, mas suspeita-se que o número seja maior.
Em Israel, desde o início da operação, dois civis ficaram gravemente feridos nos ataques de mísseis do Hizbollah.
O luto trouxe uma união religiosa pouco usual: enquanto as mesquitas muçulmanas promoviam vigílias, as dez principais igrejas cristãs da cidade tocaram juntas seus sinos, ao meio-dia.
"A única coisa boa nessa tragédia toda é a união do povo libanês", disse o ministro Adbo Mourabe (Formação Vocacional), que tem nacionalidade brasileira e morou no Brasil na década de 70.
Nos bairros cristãos maronitas de Beirute, há refugiados muçulmanos do sul abrigados em escolas. O Hizbollah (Partido de Deus) mantém um hospital no sudeste da capital que atende refugiados de todas as crenças.
Durante a guerra civil no país, que durou mais de 15 anos e terminou entre 1992 e 1993, quase todas as 17 denominações religiosas do Líbano se enfrentaram.
Mas não foi uma guerra religiosa. O conflito se aproximou mais de uma guerra de clãs.
(IG)

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