São Paulo, domingo, 28 de abril de 1996
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'Maldição' do vice persegue petistas

Erundina não consegue montar chapa

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A escolha do candidato a vice-prefeito de São Paulo na chapa que será encabeçada por Luiza Erundina está repetindo o enredo já vivido pelo PT em outras eleições.
Em tom de brincadeira, mas com boa dose de razão, os próprios petistas cunharam uma frase para definir a situação. "Se não dá para criar uma encrenca maior, vamos criar uma menor", dizem.
Trata-se de uma referência à inesgotável imaginação criadora do partido para não deixar vago o território das disputas sem importância.
Em São Paulo, por exemplo, a legenda superou sem as sequelas temidas o duelo Erundina x Aloizio Mercadante.
Mas enfiou-se agora no beco aparentemente da escolha do vice. Erundina convidou Eduardo Suplicy, Luiz Gushiken e Oded Grajew. Todos recusaram.
Última tentativa
Por outro lado, vetou Marta Suplicy e não se entusiasma com Rui Falcão, o único que até agora oficializou a intenção de ser candidato a vice.
A última tentativa de evitar uma disputa no voto também para o vice seria feita possivelmente anteontem à noite, quando Erundina pretendia conversar com Mercadante.
O ex-deputado federal, porém, mantinha a disposição de não aceitar o convite para participar da eleição de outubro. Alega necessitar de tempo para a família e para estudar.
A própria Erundina já viveu problemas com vice. Em sua administração na capital paulista (89 a 92), a então prefeita desentendeu-se com seu vice, Luiz Eduardo Greenhalgh, acusado por adversários de envolvimento em negócios escusos para arrecadar fundos para a campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva em 89.
Gabeira x Bisol
Nada foi provado contra Greenhalgh, mas Erundina não saiu em defesa do vice, o que ocasionou o rompimento entre os dois, que persiste até hoje.
Em 89, o PT deu uma "rasteira" em Fernando Gabeira na escolha do vice de Lula. Pesou a favor de José Paulo Bisol o argumento que precisava-se de um vice com ar respeitável.
Na campanha presidencial de 94, foi a vez de Bisol dar o lugar a Mercadante. O senador foi detonado pela autoria de emendas polêmicas e, também, por ter se beneficiado de empréstimos privilegiados.
A "maldição" do vice, no entanto, não chegou ao PT de Porto Alegre. Lá, Tarso Genro chegou à prefeitura local depois de ser vice de Olívio Dutra (89 a 92). Raul Pont, atual vice-prefeito, ganhou a prévia interna e em outubro vai tentar suceder Genro.

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