São Paulo, domingo, 28 de abril de 1996
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Associação defende exclusões de doenças

VERA BUENO DE AZEVEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Abramge (Associação Brasileira de Medicina de Grupo), Arlindo de Almeida, aprova o projeto de lei que regulamenta o setor, mas diz que ele deve sofrer alterações.
"Será retirada do plano-padrão, por exemplo, a exclusão às doenças preexistentes, conforme acordo feito com o Ministério da Saúde", diz. Almeida defende, porém, a manutenção das outras regras.
"Os planos de saúde possuem hoje 40 mil associados. Destes, 80% vêm de planos pagos por empresas. Um plano sem as restrições custaria muito caro e o empresário acabaria tirando o benefício do seu funcionário", afirma.
Modelo
O presidente da Abramge diz que o plano-padrão, previsto pelo projeto, é apenas um modelo. Segundo ele, nada impede que as empresas dêem cobertura a essas e outras doenças.
"A concorrência exige que se apresente outros produtos, com mais benefícios, para conquistar clientes de maior poder aquisitivo. Mas o custo é maior", afirma.
Segundo ele, muitas empresas já atendem várias das doenças excluídas no projeto. A Amil, por exemplo, dá cobertura para doenças preexistentes.
Almeida afirma que as restrições precisam existir para tornar os planos mais baratos e atender às camadas de menor renda.
"Com o plano-padrão, queremos levar em conta a vida humana. Cobrir o implante de uma mama artificial, por exemplo, é importante socialmente, mas não interfere na sobrevivência da mulher, por isso esse procedimento é excluído do plano-padrão", diz o presidente da Abrange.
"Estamos servindo uma população que deveria estar sendo atendida pelo Estado, que é, pela Constituição, o responsável pela saúde do cidadão, mas que não cumpre essa função de forma eficiente."
Reajuste
Quanto ao reajuste das mensalidades dos planos, que ocorre no próximo mês, para a maioria das empresas do setor, Almeida discorda da interferência do governo e diz que todos os setores envolvidos poderão ser prejudicados.
"Os médicos querem que a consulta passe de R$ 16 para R$ 39; as empresas estão negociando caso a caso com os hospitais.
Se as empresas forem obrigadas a dar um aumento inferior à alta dos custos do setor nos últimos 12 meses, é claro que não poderão atender à reivindicação dos médicos e terão que pagar menos para os hospitais.
(VBA)

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