São Paulo, domingo, 28 de abril de 1996
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Compulsório encarece crédito

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Entre os juros baixos das aplicações financeiras e os juros altos dos empréstimos, que chegam a 10% ao mês, estão impostos, margem de lucro dos bancos, custo da operação bancária e reserva para devedores duvidosos.
Mas a causa maior dessa cunha entre o piso e o teto da taxa de juros está nos depósitos compulsórios, dinheiro que os bancos precisam deixar aplicado no BC.
Por exemplo: de cada R$ 100 que recebe em depósito à vista, o banco precisa depositar R$ 83 no BC. Sobra muito pouco para a concessão de empréstimos e financiamentos. E havendo menos dinheiro disponível, seu custo sobe.
No caso das aplicações, o compulsório é menor. De cada R$ 100 que recebe em CDB, o banco precisa depositar R$ 20 no BC.
Como o banco empresta o dinheiro que recebe dos clientes, se verifica que, para fazer um empréstimo de R$ 100, precisa captar bem mais que isso.
Por exemplo: de uma aplicação em CDB de R$ 150, o compulsório do BC fica com R$ 30 (20%). Sobram R$ 120. Se o banco emprestar R$ 100, terá de tirar dos R$ 20 sua remuneração, risco, custo operacional e juros do depositante.
É claro que, nessas circunstâncias, o banco precisa cobrar caro de quem toma empréstimo.
Até aqui, a política do BC funcionou, considerando seus objetivos de esfriar o consumo e manter a inflação no chão. Mas começam a aparecer distorções, que geram expectativas sobre mudanças.
(CAS)

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