São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 1996
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Governistas acham que vão reduzir a dissidência

Santos toma posse e promete aprovar mudanças na Carta

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A reforma ministerial do presidente Fernando Henrique Cardoso é considerada por parlamentares como a "reforma dos três quintos", em referência ao número necessário de votos no Congresso para a aprovação das mudanças constitucionais.
A partir de hoje, o novo esquema de articulação política do governo começa a funcionar com a expectativa de garantir uma maioria estável para a votação das emendas constitucionais, ainda emperradas no Congresso.
Insatisfação
O ministro extraordinário para Coordenação de Assuntos Políticos, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), que tomou posse ontem, vai procurar atender as insatisfações dos governistas.
"A preocupação é ampliar e dar estabilidade à maioria", afirmou Santos, logo depois de sua posse, no Palácio do Planalto.
"Sempre tivemos os três quintos, mas construídos a cada votação. Essa construção estava mais difícil ultimamente. A expectativa é voltarmos a ter essa construção tranquila", disse o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP).
Em tese, o governo teria cerca de 400 deputados -do total de 513- em sua base de apoio, com a soma dos partidos de sustentação, em especial PFL, PSDB, PMDB e PPB.
Na prática, as dissidências deixaram o governo com dificuldades para aprovar as reformas da Previdência e administrativa. Caberá ao novo ministro o trabalho que se classifica no Congresso de "varejo" -as reclamações e reivindicações pontuais dos parlamentares.
"Espera-se que o novo ministro possa trazer à base de sustentação as 40 ovelhas desgarradas do PMDB", afirmou o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE).
O PMDB foi, entre os partidos que apóiam o governo, o que registrou maior número de dissidências durante a votação da emenda de reforma da Previdência, ainda em andamento na Câmara.
O líder do PMDB, Michel Temer (SP), afirmou que a criação do ministério para coordenação política, com a nomeação de Santos, vai reduzir as pressões sobre Fernando Henrique Cardoso e diminuir as resistências da bancada.
"Isso facilita o trato com a nossa bancada", disse Temer. O líder do PTB na Câmara, Pedrinho Abrão (GO), afirmou que a reforma ministerial assegurou os votos do partido a favor do governo.
"Vejo uma identificação completa entre o bloco (PTB-PFL) e o governo", disse.
O novo líder do governo na Câmara, Benito Gama (PFL-BA), também confirmou que o objetivo da reforma ministerial será o de conseguir estabilidade para a aprovação do programa de governo em geral.
"A direção do trabalho é alcançar uma consistência na base de apoio com estabilidade para tudo, sem as flutuações que acontecem de acordo com o projeto que se está examinando", afirmou Benito.
Posse
A importância política do novo cargo de Luiz Carlos Santos pode ser percebida pela quantidade de liderança de destaque na posse do novo ministro.
Estavam presentes seis governadores, o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf -principal cacique do PPB, todos os líderes de partidos governistas e vários ministros.
Um detalhe curioso na cerimônia: parecia que o vermelho tinha virado cor oficial do Planalto.
A maioria dos convidados à festa de posse usava gravata vermelha ou em tonalidades de vermelho.

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