São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 1996
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Goldman vê fraude em prévia do PMDB

ANA MARIA MANDIM
DA REPORTAGEM LOCAL

O deputado Alberto Goldman pediu ontem ao Diretório Municipal do PMDB a anulação das prévias para a escolha do candidato do partido a prefeito de São Paulo.
Goldman afirma que foram falsificadas 51 assinaturas de eleitores das prévias, realizadas em 31 de março e 14 de abril.
O ex-deputado estadual João Leiva venceu as prévias. No segundo turno, em que votaram cerca de 1.800 pessoas, Leiva ganhou de Goldman, seu concorrente, por apenas 16 votos.
O ex-deputado também é presidente do Diretório Municipal.
"Não tenho elementos para dizer quem foi o autor da fraude e quem foi o beneficiário", disse Goldman. "O que posso afirmar é que houve fraude e ela pode ter mudado o resultado da prévia."
Goldman quer que o candidato do PMDB seja indicado em convenção do partido, em junho.
O principal argumento de Goldman para afirmar que houve fraude é o exame grafotécnico (estudo da escrita), feito pelo perito Osvaldo Negrini Neto, do Instituto de Criminalística de São Paulo.
Em trabalho particular para Goldman, Negrini comparou assinaturas das mesmas pessoas nos dois turnos da prévia e assinaturas do segundo turno com as que constam das relações dos diretórios zonais do PMDB.
Em seu parecer, Negrini diz que a perícia lhe permitiu concluir que "os pares de assinaturas provieram de punhos distintos, isto é, apresentam dualidade de origem".
Goldman acha que o volume de falsificações pode ser muito maior. "Só vimos assinaturas de dez diretórios, e o PMDB tem 40."

Outro lado O presidente do diretório paulistano, João Leiva, disse ontem que nem examinará o pedido de seu adversário para anular as prévias peemedebistas.
"Vou encaminhar direto para o departamento jurídico do partido", afirmou.
Leiva disse que as prévias foram um processo "limpo" e que Goldman está se habituando a reclamar quando perde. "Quando ele ganha, está tudo bonitinho. Antes de mais nada, é preciso ver se houve fraude."
O candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo afirmou que "estranha" o fato de o deputado reclamar agora. "Ele está fora do prazo. Deveria ter reclamado nas 24 horas posteriores à proclamação do vencedor."
Segundo Leiva, os candidatos puderam indicar um mesário e dois fiscais para cada urna. "São pessoas de escolaridade média que têm condições de discernimento. Não é preciso ser perito para ver se uma assinatura está grosseiramente falsificada ou não."

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