São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 1996
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Outros 3 réus comemoram

CRISTINA RIGITANO
DA SUCURSAL DO RIO

Os outros três réus do julgamento iniciado ontem -os policiais militares Marcelo Ferreira Cortes e Cláudio Luiz Andrade dos Santos e o serralheiro Jurandir Gomes de França- se abraçaram e comemoraram a confissão de Marcos Vinícius Borges Emmanuel.
"Nada é encoberto pelo homem, que não seja revelado por Deus. Sempre acreditei em Deus. Nunca conversei com ele (Emmanuel). Vou voltar limpo para casa. Nunca fui assassino na minha vida", disse Santos, emocionado.
Os promotores já suspeitavam da inocência de Santos, que teria sido confundido com o PM Maurício da Conceição, o Sexta-Feira 13, morto há dois anos.
"Perdi meu pai. Ele morreu do coração, depois da minha prisão. Estou feliz", disse o tenente da PM (Polícia Militar) Cortes.
O tenente tem grande semelhança física com o ex-PM Carlos Jorge Liaffa Coelho e é possível que tenha sido preso por engano.
Os três réus se consideram beneficiados pela confissão de Emmanuel e já pensam até em entrar com uma ação indenizatória contra o Estado. Os acusados ficaram presos três anos.
"A Justiça muitas vezes não se faz no primeiro momento. Esses homens têm que se recuperar", disse Ekel de Souza, advogado de Cortes, após a fala de Emmanuel.
"Os três foram vítimas de um erro judicial", disse Francisco Fernandes Correia Lima, advogado do soldado Santos.
Os réus, no entanto, temem que juiz e jurados cedam a pressões de ONGs (Organizações Não-Governamentais), para que todos sejam condenados. "As ONGs estão aí fora. Vão dizer que a Justiça é corrupta", disse Ekel.
Ele disse que, no dia da chacina, Cortes estava de plantão no 5º Batalhão da PM e foi socorrer Wagner dos Santos, baleado em frente ao MAM (Museu de Arte Moderna), centro do Rio.
Segundo o advogado, a presidente do CBDCA (Centro Brasileiro de Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes), Cristina Leonardo, influenciou a principal testemunha do caso, Wagner dos Santos, para reconhecer inocentes.
"Num primeiro momento, o Wagner pode ter se confundido, porque o Cortes o socorreu e seu rosto pode ter ficado na memória. Mas depois, ele foi influenciado pela Cristina Leonardo", disse.

Colaborou CRISTINA RIGITANO, free-lance para a Folha

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