São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 1996
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Exame descarta problema na fabricação

DA FOLHA SUDESTE

O INCQS (Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde) divulgou ontem resultados da segunda bateria de exames sobre as vacinas contra meningite aplicada em Campinas e Hortolândia (cidades vizinhas, a cerca de 100 km de SP) que "afastam a possibilidade de o problema ter sido causado no processo de fabricação ou controle de qualidade do imunizante".
O laudo definitivo deve ser divulgado na próxima segunda. O resultado repete os resultados dos primeiros exames. O INCQS é o órgão do Ministério da Saúde que faz o controle de qualidade das vacinas produzidas no país.
Além de defeito na fabricação, estão sendo investigadas as hipóteses de problema de estocagem da vacina em Campinas, na distribuição para os postos de saúde ou na aplicação.
O lote de vacinas contra meningite meningocócica do tipo C usado em 15 de abril provocou reações em 7.500 pessoas em Campinas e Hortolândia.
Câmara
Ontem, o vice-presidente de Produção e Desenvolvimento Tecnológico da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Eduardo Vieira Martins, o diretor do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos do Bio-Manguinhos, João Quental, e Eduardo Leser, assessor de diretoria do Bio-Manguinhos, foram ouvidos na comissão da Câmara Municipal de Campinas que investiga as reações.
Segundo Leser afirmou em depoimento, não existe um estudo clínico no país que indique qual a reação dessa vacina. "O que existe são estudos internacionais."
"Depois do que aconteceu é preciso fazer um ensaio clínico para ver quais são as reações da vacina", disse.
No caso da contaminação na fabricação estar descartada, os técnicos não souberam responder qual seria a causa das reações em Campinas e Hortolândia.
"Poderia levantar muitas hipóteses, mas sou cientista e trabalho com dados", afirmou Leser.
Polícia
A secretária da Saúde de Campinas, Carmen Lavras, prestou ontem depoimento ao delegado seccional de polícia, Orlando Miranda Ferreira.
A polícia abriu inquérito para apurar responsabilidades. O depoimento começou às 17h e durou cerca de uma hora e meia. Segundo o delegado, a secretária deve encaminhar hoje documentos sobre todo o processo de vacinação.
Uma comissão de sindicância da Secretaria da Saúde apura se o problema ocorreu na estocagem, na distribuição ou na aplicação da vacina. A comissão tinha um prazo até 2 de maio para concluir a sindicância, mas vai adiar por um semana a revelação dos resultado.

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