São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 1996
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O exemplo de São Carlos

LUÍS NASSIF

Uma das mais instigantes experiências municipais do momento é a Fundação Parque de Alta Tecnologia de São Carlos -exemplo flagrante de que o padrão de vida de uma cidade depende da capacidade de sua população para fazer acontecer.
O parque foi criado em dezembro de 1984 pelo atual presidente do Sebrae São Paulo, Sylvio Rosa.
Na sua constituição, Rosa envolveu o CNPq, a Prefeitura e a Câmara Municipal, o Ciesp e o Fiesp locais, a Universidade de São Carlos (que tem alguns centros de excelência na cidade), o Sebrae e a Universidade Estadual de São Paulo -que passaram a integrar seu Conselho Curador.
Em suma, quase todas as chamadas forças vivas da comunidade.
A intenção da fundação era colocar a universidade em contato com o mundo, permitindo que os conhecimentos técnicos acumulados revertessem em novos empreendimentos para a cidade.
A primeira obra da fundação foi a criação de uma incubadora de empresas (local onde se alojam empresas recém-criadas, dividindo entre si custos administrativos), nos 200 metros quadrados de um sobrado.
Em pouco tempo, mudavam-se para outro, com 1.800 metros quadrados de área disponível, que dispõe de 19 módulos ocupados por empresas.
Lá, existe de tudo, de software em multimídia para aprendizado de crianças de até 8 anos, até o protótipo de um avião de dois lugares, mais leve que um Fusca, próprio para borrifar plantações, para patrulhas aéreas ou para lazer, que sairá por volta de R$ 35 mil..
Social e tecnológico Anos atrás, a Prefeitura doou uma terreno que permitirá à Fundação dispor de um parque tecnológico com mais de 170 mil metros quadrados de área, e com vizinhos poderosos -a Volkswagen, que recebeu o terreno ao lado para erguer sua fábrica de motores.
O parque deverá ser construído em sete meses.
A fundação está buscando investidores, que ajudarão na urbanização em troca de parte do aluguel dos terrenos. Nos moldes dos investidores de um shopping center. Haverá um administrador central que regulará os aluguéis, e rateará o valor apurado pelos cotistas.
O discurso da fundação acabou ajudando na própria definição da vocação de São Carlos.
Em vez do desenvolvimentismo barato, que arruinou tantas belas cidades do interior, a cidade decidiu-se pela busca da qualidade de vida, centrada especialmente nas empresas de alta tecnologia.
Ao mesmo tempo, esse objetivo esbarrava em uma questão relevante: como fazer PhDs conviver com favelas e problemas sociais? O crescimento tinha que ser orgânico, homogêneo.
No momento, as chamadas forças vivas, reunidas em torno da fundação, discutem um programa social, que permitirá à São Carlos do passado, encontrar-se com a São Carlos do futuro.
Como dizia a canção, quem sabe faz a hora. Que sirva de exemplo para tantas cidades que não batalharam por definir sua vocação, e hoje penam para encontrar um espaço na região.

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