São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 1996
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Arte/Cidade vira conceito globalizado

KATIA CANTON
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Brasmitte é uma tradução globalizada do Arte/Cidade, concebido inicialmente por Brissac como uma trilogia de intervenções artísticas e urbanas que ocorreriam em São Paulo.
Mas de 1994, quando aconteceu o primeiro evento, para cá, o que era projeto cresceu tanto que virou conceito. E entrou para a era da globalização.
O Brasmitte começa com um seminário internacional, em São Paulo, que está marcado para acontecer entre 8 e 12 de julho, reunindo curadores, artistas, arquitetos e críticos de arte do Brasil, Alemanha e Suíça.
A palavra Brasmitte, que batiza o projeto, une os nomes de dois bairros nas grandes metrópoles do Brasil e Alemanha. O Brás, em São Paulo, e o Mitte, em Berlim.
O projeto liga virtualmente esses bairros que, historicamente, nasceram como zonas centrais e, com o crescimento das cidades, foram deslocados para a periferia.
"Os dois bairros funcionam de forma semelhante, como cicatrizes abruptas. Cada qual guarda vilas operárias, prédios com pátios internos, galpões de fábricas abandonadas e hiatos urbanos desordenados", explica Brissac.
Ao lado de Ricardo Ohtake, Brissac mapeou pontos estratégicos onde irão ocorrer eventos paralelos nos dois bairros, a partir do início de 1997.
Interferências
Nesses espaços acontecem interferências múltiplas, com artistas, arquitetos e pensadores brasileiros, alemães e suíços. A Suíça foi incluída no projeto por sua neutralidade e ambiguidade no que se refere à identidade nacional.
Na Alemanha, Brissac expõe o projeto numa reunião no Senado de Berlim. "O grande desafio do Brasmitte é estabelecer uma rede de pessoas ligadas a projetos de intervenção urbana para que a curadoria seja verdadeiramente coletiva", explica Brissac.
Dessa rede participam figuras fundamentais da arte e do pensamento contemporâneo, com incursões significativas nas experiências de projetos situacionais e transculturais.
Entre eles está Alfons Hug, diretor da Casa das Culturas do Mundo de Berlim; Klaus Biesenbach, marchand e dono da galeria Kunst-Welk de Berlim, uma das primeiras a abrir uma filial no bairro do Mitte após a queda do muro; Dietmar Kmaper, filósofo e professor da Universidade de Berlim, ligado às áreas de novas mídias e novos espaços artísticos.

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