São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 1996 |
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Sesi faz retrospectiva de Goeldi
KATIA CANTON
Depois, Goeldi se tornou tema de livro infantil, editado pelo Museu de Arte Contemporânea da USP, com texto de Alberto Martins. Agora, é a vez de mais uma homenagem. Que, na verdade, é muito mais do que isso. "Mestre Visionário", que começa na galeria do Sesi no dia 6 de maio e vai até 30 de junho, é o resultado de onze anos de trabalho da museóloga Noemi Ribeiro. Cupins A pesquisa curatorial começou por causa de cupim. Ribeiro foi obrigada a restaurar as gravuras de Goeldi, que estavam no acervo do Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro, e foi se envolvendo mais e mais com a ampla produção do artista. A curadora resolveu então traçar a cronologia goeldiana completa e mapear as obras que estavam no exterior. "Recolhi cartas e mais de 200 desenhos que estavam na Europa", revela. Acabou, nesse percurso, compreendendo o que considera ser a essência da personalidade do artista, traduzida na retrospectiva. O título da exposição, "Mestre Visionário", refere-se à decisão de Goeldi de abrir mão do progresso e voltar-se para a vida das pessoas simples, em especial pescadores. "Ele tinha uma visão clara do sofrimento da sociedade. É como se ele fosse prever o beco sem saída em que se encontra a sociedade capitalista", diz Noemi Ribeiro. Para sintetizar essa visão, a curadora escolheu como cartaz da exposição uma gravura que mostra um homem abandonado nas ruas do Rio de Janeiro. "O abandono social só cresceu, e Goeldi parecia prever isso. Ele pertencia a uma família suíça nobre, mas, silenciosamente, sem partidarismo, ficou ao lado das pessoas simples". Oswaldo Goeldi nasceu no Rio de Janeiro, em 1895. Dos 6 aos 24 anos viveu na Suíça, onde se relacionou com a pintura do grupo expressionista alemão "O Cavaleiro Azul" e, sobretudo, com a obra de Alfred Kubin. Em 1924, o artista começa a utilizar a xilogravura -gravura em madeira- que vai se tornar o carro-chefe de sua experimentação artística. (KC) Mostra: Mestre visionário Quando: abre dia 6 de maio, às 20h Onde: Galeria do Sesi (av. Paulista, 1.313) Quanto: entrada franca Texto Anterior: Arte/Cidade vira conceito globalizado Próximo Texto: Presos na Internet Índice |
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