São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 1996
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A OPÇÃO ECOLÓGICA

O veto de vários municípios à adição de MTBE à gasolina mostra que as questões ambientais têm, como devem, implicações relevantes nas decisões sobre a matriz energética.
A gasolina pura não queima por completo e é altamente poluidora. As soluções mais recentes para esse problema foram a adição de álcool etílico, adotada pelo Brasil, e a adição de MTBE, feita nos EUA. Ambos elevam a eficiência na combustão da gasolina. Mas o MTBE é inferior ao álcool do ponto de vista da poluição.
As frequentes interdições de vastas áreas da Cidade do México ao tráfego de automóveis, devidas ao nível excessivamente elevado de poluição atmosférica, são um exemplo de que o tipo de combustível usado não afeta apenas os proprietários de veículos, mas toda a população que respira o ar das grandes cidades.
Tomada essa perspectiva, parece razoável, no momento em que o governo estuda como financiar a produção do álcool, aplicar de alguma forma o princípio de que o poluidor pague pelas medidas de preservação ambiental. No caso, que o consumo de gasolina custeie, pelo menos em parte, o do álcool que polui bem menos.
Do ponto de vista econômico, ainda que as atuais condições desfavoreçam a indústria sucroalcooleira, ela é menos vulnerável a mudanças negativas no cenário externo. O consumo de gasolina, diferentemente, está sujeito não só ao mercado internacional do petróleo como às condições do balanço de pagamentos do Brasil.
É claro que nenhuma dessas considerações, nem tampouco a real importância do setor na manutenção de empregos, devem servir de pretexto para que se sustentem empresas que não mostrem um real empenho de modernização ou usinas de álcool que procurem deliberadamente se beneficiar da inadimplência.
A manutenção da indústria do álcool no Brasil é desejável e o benefício ecológico por ela trazido é um bem público. Isso justifica a atuação do governo no sentido de estabelecer incentivos à manutenção da mistura do álcool à gasolina e da preservação da frota de automóveis a álcool. Obviamente, é preciso cuidar para que os incentivos sejam bem destinados.

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