São Paulo, quarta-feira, 1 de maio de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Apedrejamento causou chacina

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Acusação e defesa demonstraram no julgamento partilhar da certeza sobre o motivo da chacina: a confusão envolvendo PMs e menores de rua ocorrida na Candelária na tarde de 22 de julho de 1993.
O promotor José Muiños Piñeiro Filho disse, na apresentação da tese de acusação, que a chacina foi uma vingança contra os menores que, durante o tumulto, haviam apedrejado um carro da PM.
Na confissão feita no julgamento, o réu Marcos Vinícius Borges Emmanuel disse que o ataque aos menores foi motivado pelas mesmas supostas agressões.
Por volta das 17h30 do dia 22, na Candelária, o soldado Emmanuel prendeu Neíldo. Os colegas dele resistiram à prisão. A testemunha Wagner dos Santos disse que os policiais militares espancaram Neíldo dentro de um carro da PM.
Os menores apedrejaram o carro. Um dos vidros quebrou. Emmanuel foi ferido, sem gravidade.
A pedra que espatifou o vidro teria sido arremessada por Pimpolho, 11. Pimpolho e Neíldo foram levados à 1ª DP (Delegacia de Polícia), na praça Mauá (centro).
Como não houve autuação na DP, os dois foram soltos.
A liberação irritou Emmanuel, que, à noite, teria reunido Maurício da Conceição, Nelson da Cunha e Marcos Aurélio Alcântara para procurar os menores.
Pimpolho morreu. Assustado com uma possível vingança, Neíldo não dormiu aquela noite na Candelária. Segundo o promotor Piñeiro Filho, já na delegacia os PMs ameaçavam os meninos.
"Os menores foram avisados que naquela noite o 'cerol' ia passar", disse Piñeiro Filho no julgamento. Cerol é gíria que, no Rio, significa morte.
(ST)

Texto Anterior: Advogada acha pena injusta
Próximo Texto: Pena divide especialistas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.