São Paulo, quarta-feira, 1 de maio de 1996
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Regionalização é irreversível, diz Ipea

VERA BUENO DE AZEVEDO
MARCOS CÉZARI

VERA BUENO DE AZEVEDO; MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Saúde financeira dos Estados e municípios é fator determinante nos reajustes fixados pelo governo

O que determina o reajuste do salário mínimo é a saúde financeira dos Estados e municípios. Esta é a opinião do economista Lauro Ramos, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Essa conclusão, segundo ele, decorre de diversos fatores.
O primeiro é o fato de o governo ter concedido reajuste diferenciado para as aposentadorias. "Isso significa que a Previdência, ou seja, o governo federal, tem como arcar com um aumento maior."
O segundo é que, para o mercado de trabalho privado, o valor do mínimo não tem grande importância. "É o próprio mercado que determina a remuneração dos empregados", diz Ramos.
Restam, portanto, as folhas de pagamento dos Estados e municípios, onde grande parte dos servidores recebe um mínimo por mês.
Regionalização
O economista do Ipea acredita que o tema "regionalização do salário mínimo" está entrando em pauta agora e é irreversível.
"O dinamismo da economia do Norte e Nordeste é diferente do das regiões Sul e Sudeste", diz ele.
Ramos lembra que o Brasil já teve 52 valores diferentes para o salário mínimo, ao mesmo tempo. A unificação ocorreu em 1984.
"Acredito que no Sul e Sudeste, por exemplo, os governos possam suportar um reajuste do mínimo superior aos 12%", afirma.
Menor da história
O valor do atual salário mínimo é o menor desde que foi instituído por Getúlio Vargas, em 1940.
Nos últimos 56 anos o mínimo perdeu 82,75% de seu valor real (descontada a inflação). Se em 1940 o trabalhador recebia o equivalente a R$ 100, em abril recebeu o equivalente a R$ 17,25.
Com o reajuste de 12%, o mínimo está valendo cerca de R$ 19 em relação a quando foi criado.
Na média, o mínimo brasileiro ficou em US$ 98 em 1995, segundo o Dieese. Esse valor, frente ao de países com nível de desenvolvimento e renda comparáveis ao nosso, é superior apenas aos mínimos do Peru (US$ 70) e da Bolívia (US$ 80). No México foi de US$ 127 e, no Paraguai, US$ 145.
Em 1940, quando foi criado, o mínimo valia quase duas vezes mais do que o que vigorou até ontem (R$ 100), segundo Ramos.
Tomando por base esses R$ 100, o mínimo chegou a valer quase quatro vezes mais em 1956 e mais do que o dobro durante toda a década de 70 e início dos anos 80, quando entrou em "queda livre".

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