São Paulo, quarta-feira, 1 de maio de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Mário Lago abre seu baú de lembranças em show em SP O ator e compositor carioca se apresenta de hoje a domingo SYLVIA COLOMBO
Em entrevista à Folha, por telefone, de sua casa no Rio de Janeiro, Lago falou de algumas de suas 200 músicas, que compôs sozinho ou em parceria, e de seus personagens da TV -histórias que ele vem contar em São Paulo. Lago acha que fazer música hoje em dia é muito mais fácil do que em sua época. "Nunca gastei dinheiro para gravar no meu tempo. Hoje existem vários intermediários, produtores, gravadoras, distribuidores e divulgadores, que movimentam dinheiro e burocratizam o trabalho." Segundo ele agora qualquer um pode ser cantor. "Todos cantam, e recursos de estúdio ajudam até a quem não tem voz. Está se extinguindo a figura do compositor pura e simplesmente." O show Acompanhado de três músicos, Lago vai interpretar, entre outras canções, "Enquanto Houver Saudade" (composição sua com Custódio Mesquita), "Aurora" (com Roberto Roberti), "Dá-me tuas Mãos" (com Roberto Martins). Entre elas, conta histórias do período cultural e político que viveu. Lago diz que durante sua juventude vivia tomado por um estímulo contínuo. "Escrevia duas novelas ao mesmo tempo, enquanto atuava no rádio e compunha." Apesar do tema, o show não é nostálgico. Lago recorda o que fez e o que passou mas jura que não fica triste. "O tempo não comprou passagem de volta e isso é irreversível. Por isso não adianta ficar melancólico." Entre as histórias que vai contar, Lago incluiu passagens de sua prisão -na época do governo de Getúlio Vargas- e bastidores da vida cultural dos anos 40 e 50. Seu trabalho em novelas da Globo foi marcante -como em "O Casarão" (de Lauro César Muniz)- mas ele não acha que tenha ficado rotulado por isso. "As pessoas que me abordam na rua não me chamam pelo nome dos meus personagens. Elas sabem que é o Mário Lago." Língua Militante político durante toda sua vida, hoje se considera um "marxista autônomo". Uma de suas maiores revoltas em relação à política é o fato de FHC falar francês em Paris. E não fazer seus discursos em português em outros países. "O idioma é a grande referência do país. Se ele não o usa, desvaloriza nossa cultura." Lago não tem composto mais. Hoje em dia dedica-se somente ao passatempo de fazer pequenos contos de apenas 16 linhas. "É um desafio, vou cortando palavras e me sentindo um criminoso." O quê: Mário Lago Histórias e Músicas Com: Mário Lago, Chamon, Josimar Monteiro, Ignez Perdigão Quando: de hoje a domingo Onde: Supremo Musical (r. Oscar Freire, 1.000, tel. 852-0950) Texto Anterior: Troféu Juca Pato está de volta no centenário de Belmonte Próximo Texto: Jogador de futebol Ronaldo regrava dois sucessos de Elvis Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |