São Paulo, quarta-feira, 1 de maio de 1996
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Mário Lago abre seu baú de lembranças em show em SP

O ator e compositor carioca se apresenta de hoje a domingo

SYLVIA COLOMBO
DA REDAÇÃO

O compositor de "Atire a Primeira Pedra", ao lado de Ataulfo Alves, resolveu remexer seu baú de histórias e trazê-las a público. Mário Lago, 84, se apresenta de hoje a domingo no Supremo Musical.
Em entrevista à Folha, por telefone, de sua casa no Rio de Janeiro, Lago falou de algumas de suas 200 músicas, que compôs sozinho ou em parceria, e de seus personagens da TV -histórias que ele vem contar em São Paulo.
Lago acha que fazer música hoje em dia é muito mais fácil do que em sua época. "Nunca gastei dinheiro para gravar no meu tempo. Hoje existem vários intermediários, produtores, gravadoras, distribuidores e divulgadores, que movimentam dinheiro e burocratizam o trabalho."
Segundo ele agora qualquer um pode ser cantor. "Todos cantam, e recursos de estúdio ajudam até a quem não tem voz. Está se extinguindo a figura do compositor pura e simplesmente."
O show
Acompanhado de três músicos, Lago vai interpretar, entre outras canções, "Enquanto Houver Saudade" (composição sua com Custódio Mesquita), "Aurora" (com Roberto Roberti), "Dá-me tuas Mãos" (com Roberto Martins). Entre elas, conta histórias do período cultural e político que viveu.
Lago diz que durante sua juventude vivia tomado por um estímulo contínuo. "Escrevia duas novelas ao mesmo tempo, enquanto atuava no rádio e compunha."
Apesar do tema, o show não é nostálgico. Lago recorda o que fez e o que passou mas jura que não fica triste. "O tempo não comprou passagem de volta e isso é irreversível. Por isso não adianta ficar melancólico."
Entre as histórias que vai contar, Lago incluiu passagens de sua prisão -na época do governo de Getúlio Vargas- e bastidores da vida cultural dos anos 40 e 50.
Seu trabalho em novelas da Globo foi marcante -como em "O Casarão" (de Lauro César Muniz)- mas ele não acha que tenha ficado rotulado por isso.
"As pessoas que me abordam na rua não me chamam pelo nome dos meus personagens. Elas sabem que é o Mário Lago."
Língua
Militante político durante toda sua vida, hoje se considera um "marxista autônomo". Uma de suas maiores revoltas em relação à política é o fato de FHC falar francês em Paris. E não fazer seus discursos em português em outros países. "O idioma é a grande referência do país. Se ele não o usa, desvaloriza nossa cultura."
Lago não tem composto mais. Hoje em dia dedica-se somente ao passatempo de fazer pequenos contos de apenas 16 linhas. "É um desafio, vou cortando palavras e me sentindo um criminoso."

O quê: Mário Lago Histórias e Músicas
Com: Mário Lago, Chamon, Josimar Monteiro, Ignez Perdigão
Quando: de hoje a domingo
Onde: Supremo Musical (r. Oscar Freire, 1.000, tel. 852-0950)

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