São Paulo, quarta-feira, 1 de maio de 1996
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FALTA AR

Foram decepcionantes, para dizer o mínimo, as decisões tomadas ontem pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). Esperava-se que houvesse um -já tardio- abrandamento do arrocho creditício. Em vez disso, e apesar dos recordes de inadimplência e pedidos de falência, as autoridades econômicas insistiram em manter duras restrições monetárias, consideradas excessivas pela imensa maioria dos mais respeitados analistas econômicos.
A queda no ritmo de atividade econômica está clara desde o final do ano passado. Não faz sentido manter as duras restrições ao crédito que foram impostas em meio ao vigoroso, porém breve, surto de crescimento havido entre o final de 94 e o início de 95.
O PIB do primeiro trimestre do ano passado foi 10,4% maior que o do primeiro trimestre de 94. Já nos três primeiros meses de 96, o PIB foi 1,9% menor que em igual período de 95. A diferença entre essas taxas é suficientemente eloquente.
As decisões de ontem do CMN não contribuem para reduzir as escandalosas taxas de juros hoje cobradas ao tomador de empréstimos. E os recolhimentos compulsórios ao Banco Central mantêm a escassez, o altíssimo custo do crédito e as distorções que produz esse tipo de situação. Ainda que em certa medida o setor financeiro (que não está exposto à concorrência externa do mesmo modo como a indústria) tenha responsabilidade pelos juros cobrados do tomador final de empréstimos.
A liberação dos prazos para financiamento das vendas, antes restritos a seis meses, tende a dar algum fôlego ao comércio. Mas é apenas uma nova facilidade para endividar-se. Sem a redução dos compulsórios, são fracas as perspectivas de uma retomada significativa. As decisões do CMN, hoje apenas um nome pomposo para designar a própria equipe econômica, refletem a cautela exagerada com que o governo tem tratado a política monetária.

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