São Paulo, terça-feira, 7 de maio de 1996
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Fracassa primeira fase do socorro ao BB

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O interesse do investidor privado pelo lançamento de novas ações do Banco do Brasil foi muito menor que o esperado pelo governo.
Até a última sexta-feira, apenas R$ 6,149 milhões de R$ 1,6 bilhão em ações oferecidas aos acionistas privados haviam sido adquiridos -o equivalente a 0,4%.
Isso significa que os cofres públicos terão um gasto acima dos R$ 5,2 bilhões anunciados originalmente para salvar o principal banco federal. O governo terá que adquirir as ações não vendidas aos acionistas privados.
O prazo para que os acionistas do BB definam sua participação no aumento de capital do banco termina hoje. Depois, as ações serão oferecidas ao público em geral.
Para manter o BB em funcionamento, será preciso vender R$ 8 bilhões em novas ações. O governo desejava que R$ 2,8 bilhões fossem adquiridos por fundos de pensão e investidores privados. A Previ (fundo de pensão dos funcionários do BB) injetaria R$ 1,2 bilhão.
Na última sexta-feira, foi editada MP (medida provisória) possibilitando ao Tesouro assumir todo o custo da operação caso as previsões de investimento não se confirmassem.
O Tesouro assumirá o custo mediante a emissão de títulos públicos federais -o que onera ainda mais a dívida pública da União.
Bônus
Diante da adesão insignificante dos investidores até sexta-feira, o BB anunciou que os acionistas terão direito a um bônus -R$ 8,50 para cada lote de mil ações.
O objetivo é estimular os investidores a comprar as novas ações e manter sua participação no capital do banco, reduzindo os custos do governo. "O ritmo (de adesões ao aumento de capital do BB) foi aquém do que esperávamos", avaliou ontem o diretor de Finanças do BB, Carlos Gilberto Caetano.
Extra-oficialmente, a área econômica do governo calcula que os bônus deverão atrair apenas os fundos de pensão de estatais. Esses fundos entrariam com R$ 400 milhões na compra das novas ações.
Ou seja: nas expectativas mais favoráveis, a participação privada na capitalização do BB não deverá superar algo entre R$ 1,6 bilhão e R$ 1,7 bilhão. O restante -pelo menos R$ 6,3 bilhões- terá que ser bancado pelos cofres públicos.
Segundo Caetano, os bônus concedidos aos acionistas servirão para o Tesouro, no futuro, reverter o aumento de sua participação no capital do banco. Os bônus serão usados em novos aumentos de capital em 2001, 2006 e 2011. Quando isso ocorrer, o governo não deverá adquirir novas ações.

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