São Paulo, terça-feira, 7 de maio de 1996
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FHC 2, a missão

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Começa hoje o segundo ano de mandato de FHC. Isso deveria ter ocorrido em 1º de janeiro passado. Mas deu tudo errado.
A convocação extraordinária do Congresso não conseguiu impulsionar novas votações. Houve uma quase derrocada do sistema bancário, uma chacina de sem-terra no Pará e o salário mínimo teve um reajuste pífio.
FHC fez uma minirreforma ministerial, indicou um coordenador político, deu ordem para melhorar a comunicação e vai enfatizar o que o seu governo faz na área social.
Todas essas medidas passam a ter efeito, na prática, hoje. É que o Congresso andou parado há dez dias por causa do feriado de 1º de maio.
É impossível prever o resultado das mudanças de FHC. Mas é fácil inferir alguma coisa, com base naquilo que se ouviu ontem em Brasília. A saber:
1) Reformas - é improvável que alguma emenda constitucional seja votada na Câmara e no Senado em dois turnos ainda no primeiro semestre;
2) Comunicação - apesar da preocupação de FHC, tudo está mais ou menos como antes. O diplomata Sérgio Amaral continua no comando. E os ministros não estão com vontade de unificar os discursos num nível maior do que o atual. Ou seja, a bagunça vai continuar;
3) Social - o presidente recauchutou vários programas já existentes e fez ontem uma apresentação com ar novidadeiro. É improvável que isso seja suficiente para reverter a imagem negativa do governo nessa área; e
4) Articulação política - o governo pretende votar, nesta semana, três coisas: a lei que regulamenta o sistema de telecomunicações, o contrato temporário de trabalho e a emenda constitucional que modifica os investimentos na educação pública de primeiro grau. É improvável que tudo passe.
Como todas as continuações de filmes no cinema, este "FHC 2" tem um quê de embromação. Há um desejo de manter o público. O público vai. Mas a bilheteria deve ser pequena.

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