São Paulo, quarta-feira, 8 de maio de 1996
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Procuradoria vai investigar fazendeiros

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério Público do Pará vai investigar fazendeiros e supostos pistoleiros acusados de envolvimento no massacre de 19 sem-terra em Eldorado do Carajás. Eles foram denunciados por um gerente de fazenda da região, cujo nome é mantido em sigilo.
A informação foi dada ontem pelo procurador-geral de Justiça do Pará, Manoel Santino, após acompanhar o depoimento do gerente ao presidente do IPM (Inquérito Policial Militar), coronel João Paulo Vieira da Silva, que será concluído nesta quinta-feira.
"Mesmo após o fim do IPM, novas diligências poderão ser requisitadas pelo Ministério Público para investigar as pessoas citadas pelo gerente", disse Santino.
O coronel não falou depois do depoimento. Eles estiveram ontem em Brasília porque as declarações da testemunha apontam os fazendeiros da região como suspeitos de financiar o massacre, no dia 17.
Segundo Santino, já está certo que serão chamados para depor o fazendeiro Plínio Pinheiro Neto e os supostos pistoleiros "Carioca" e "Jamaica", citados pelo gerente. Os três negam as acusações.
Pinheiro Neto é filho de Otília Pinheiro, que se diz dona da fazenda Macaxeira (PA), reivindicada pelos sem-terra.
A aquisição da área pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) foi suspensa após as revelações do gerente.
50 PMs
O gerente depôs na Superintendência da PF (Polícia Federal) em Brasília por quase cinco horas.
O depoimento foi acompanhado também pelo procurador de Justiça Luís Cézar Bibas e pelo promotor Sávio Brabo, ambos do Pará.
Bravo disse que 174 PMs participaram da operação, mas que apenas 50 PMs serão indiciados porque o IPM só teve 20 dias para ouvir todos os implicados.
Segundo ele, a intenção é ouvir os demais, principalmente sobre a acusação de que supostos pistoleiros foram vistos pelo gerente antes do massacre com fardas da PM.
Inquéritos
O presidente do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana do Ministério da Justiça, Humberto Espínola, disse que a testemunha deverá ser ouvida ainda em mais dois inquéritos.
Um é o conduzido pela Polícia Civil do Pará. O outro será instaurado pela PF (Polícia Federal) para apurar crime de responsabilidade do governador Almir Gabriel (PSDB), que ordenou a operação que resultou no conflito. Um delegado será designado para ouvir o governador em depoimento.

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