São Paulo, quarta-feira, 8 de maio de 1996
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Salvamento do BB vai exigir R$ 480 mi

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dois dos três maiores acionistas privados do Banco do Brasil desistiram de participar do programa para salvar a instituição, o que significará um gasto extra de R$ 480 milhões aos cofres públicos.
A oferta de bônus especiais anunciada no fim-de-semana não despertou o interesse dos investidores e acabou criticada pela Bolsa de Valores de São Paulo.
A Cassi, caixa de assistência médica dos funcionários do BB, e a Centrus, fundo de pensão dos funcionários do Banco Central, detêm juntos 6,1% das ações do BB. Com a decisão de não participar da capitalização do banco federal, terão sua participação reduzida a 1%.
Isso significa que o Tesouro terá de comprar as ações oferecidas às duas empresas, desembolsando quantia equivalente a, por exemplo, o total existente no Orçamento da União para qualificação de mão-de-obra, segundo plano de gastos sociais do governo.
"Estamos reformulando nosso estatuto e não temos recursos", disse à Folha o presidente da Cassi, Sebastião Fajardo. A Cassi, segundo maior acionista privado do BB, gastaria algo próximo a R$ 290 milhões para manter seus 3,8% de participação no capital do banco.
A Centrus decidiu ficar de fora por considerar excessivo o preço cobrado pelas ações, superior à cotação nas Bolsas de Valores.
Gasto público
Com o fracasso na tentativa de atrair os acionistas privados, o gasto público no salvamento do BB poderá superar R$ 6,9 bilhões -ou quase sete vezes o total destinado pelo Orçamento de 96 à reforma agrária (R$ 1 bilhão).
Ao anunciar o programa de capitalização do BB, em março, o governo já esperava injetar no banco R$ 5,2 bilhões.
O BB precisa de R$ 8 bilhões para continuar funcionando. Mas, dos R$ 2,8 bilhões que esperava conseguir do setor privado, o governo só tinha garantido, até ontem, R$ 1,089 bilhão.
A Previ, fundo de pensão dos funcionários do BB e maior acionista privado, entrou ontem com R$ 1,081 bilhão na capitalização. Os demais acionistas adquiriram apenas R$ 9 milhões em novas ações até segunda-feira.
O objetivo da Previ é manter sua participação acionária de 11,3%. Para isso, comprou R$ 489,612 milhões em ações ordinárias (com direito a voto) e R$ 592,169 milhões em ações preferenciais.
Os bônus criados para estimular os acionistas a participar da capitalização mereceram críticas do presidente da Bolsa de São Paulo, Alfredo Rizkallab (leia abaixo).
Em correspondência enviada ao banco, Rizkallab considera a medida, anunciada de última hora, "de difícil assimilação" e pede mais tempo para que os investidores avaliem o negócio.
Ontem à noite, o BB divulgou nota técnica para tentar esclarecer as dúvidas do mercado financeiro.

Colaborou a Sucursal do Rio

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