São Paulo, quarta-feira, 8 de maio de 1996
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Empresário pediu ajuda a deputado

Câmara investiga terras

ANTONIO ROCHA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Antes de ser assassinado a tiros com o filho Luís Fernando, 23, na última sexta-feira em São Paulo, o empresário Fernando Iberê Nascimento, 51, vinha manifestando preocupação com o envolvimento de seu nome em acusações de um suposto superfaturamento de terras desapropriadas pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
Há cerca de um mês, Nascimento -que era advogado e trabalhava em processos de desapropriação no norte do país- procurou em Brasília o deputado federal Padre Roque (PT-PR).
O empresário estaria interessado em obter informações sobre uma lista de desapropriações do Incra solicitada pelo deputado ao Ministério da Agricultura.
"Há 60 dias, após ter recebido denúncias de superfaturamento em terras desapropriadas, pedi ao ministério um relatório minucioso, por escrito, sobre as desapropriações do Incra desde 1990, com detalhes sobre valores pagos e condições de pagamento", afirmou ontem Padre Roque, 56.
Segundo o deputado, Nascimento queria saber se ele já tinha recebido a lista. "Ele estava muito tenso, disse que as denúncias eram infundadas e chegou a se queixar de um repórter do jornal 'O Estado de S.Paulo', que estava publicando as acusações", disse Roque, que espera receber a lista do Incra nos próximos dias.
O advogado Leônidas Scholz disse ontem que Nascimento vinha juntando documentos dos processos de desapropriação para "demonstrar a lisura de seus procedimentos". Scholz negou qualquer envolvimento de Nascimento em um suposto superfaturamento.
Segundo ele, um procurador da República em Rondônia deu as informações que originaram as reportagens sobre o suposto envolvimento de Nascimento. Scholz disse que "o procurador não pediu nem a abertura de um simples inquérito policial".
Segundo Scholz, os familiares disseram à polícia que "o único foco de conflito" de Nascimento era com Paulo Sack, que não estaria querendo pagar os honorários de um processo de desapropriação em Rondônia, mesmo após decisão judicial. Até as 19h de ontem, Sack e sua mulher, Suzana Gonçalves, não tinham sido localizados.

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