São Paulo, quarta-feira, 8 de maio de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Vendas decepcionam setor de alimentos

FÁTIMA FERNANDES
ENVIADA ESPECIAL A CHICAGO

A indústria de alimentos começa a rever planos de crescimento e até a cortar a produção por conta da queda das vendas, sobretudo no final de abril.
Sadia, Perdigão e Ceval, fabricantes de derivados de carnes e óleos, consideram que podem crescer até 25% menos do que o planejado no início do ano.
"As vendas não estão indo tão bem como imaginávamos. Isso está nos fazendo rever o futuro", diz Sérgio Roberto Waldrich, diretor da divisão de industrializados de carnes da Ceval.
Ele conta que a previsão de vendas dessa linha de produtos (Seara) para este ano era da ordem de R$ 900 milhões. Podem ficar 25% abaixo da meta inicial. Em 95 as vendas foram de R$ 781 milhões.
Milho e soja
Waldrich diz que os preços do milho e da soja estão respectivamente 70% e 60% mais altos do que em igual período de 95. "Com a queda da demanda e essa pressão de custos, nada mais oportuno do que diminuir a produção."
Walter Fontana, diretor da Sadia, diz que a alta dos preços do milho e da soja está tornando "nervosas" as negociações entre empresa, fornecedores e clientes.
"Nós tínhamos planejado produzir 15% mais industrializados neste ano. Devemos crescer só 10%. O mercado não vai absorver os aumentos de preços."
Fontana admite que a indústria tinha plano "exagerado" de crescimento para este ano.
Luiz Carlos Campagnola, gerente nacional de vendas da Perdigão, diz que ficou surpreso com as fracas vendas no mês de abril, 8% menores do que as de março.
A decisão da empresa, diz, foi cortar horas extras para adequar os estoques ao ritmo das vendas.
No primeiro trimestre deste ano, conta ele, a Perdigão faturou 18% mais do que em igual período do ano passado porque entrou em novos nichos de mercado.
Eduardo Netto Alves Barreto, diretor-geral da J. Macêdo Alimentos (farinha Dona Benta), diz que o mercado está mais acomodado. "Mesmo assim esperamos crescer 10% sobre 1995."
Supermercados
Armando Jorge Peralta, proprietário dos supermercados Peralta, com 38 lojas, confirma que as vendas estão abaixo da expectativa.
"Quem dá prazo de pagamento ao cliente está se saindo melhor." José Augusto Santana, diretor-presidente da rede Barateiro, diz que a empresa faturou em abril 3% menos do que em março.

A jornalista Fátima Fernandes viajou a Chicago a convite da Abras.

Texto Anterior: Governo pode mudar regras sobre dívidas
Próximo Texto: Price quer enfrentar Wal-Mart
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.