São Paulo, quarta-feira, 8 de maio de 1996
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Banespa extrapauta

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Apesar de tudo levar a uma interpretação diferente, há possibilidades reais de o acordo do Banespa ser votado hoje na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
A idéia de retirar o assunto da pauta foi apenas uma formalidade. Hoje, o parecer do senador Pedro Piva (PSDB-SP) pode ser apreciado "extrapauta" pela CAE.
No seu relatório, Piva diz que os termos do acordo são retroativos a 15 de dezembro do ano passado, quando tudo foi assinado entre o governador paulista, Mário Covas, e o governo federal.
Isso de nada adianta para garantir que a dívida acumulada de 15 de dezembro para cá -cerca de R$ 2 bilhões- seja repactuada nas mesmas condições privilegiadas obtidas por Covas para o total do débito.
Essa deve ser a grande dúvida hoje durante a possível votação do acordo. Mais do que a garantia de que as condições do acordo do Banespa serão estendidas para outros Estados.
FHC garantiu que daria um jeito de limpar essa dívida de R$ 2 bilhões. Como, ninguém sabe. Há risco grande de o Tesouro, mais uma vez, ter de engolir esse desfalque.
Um outro problema do acordo é a análise que o Tribunal de Contas da União (TCU) faz sobre os bens que o Estado de São Paulo entregaria para pagar metade da dívida do Banespa. É um problema bem encaminhado.
Ontem, os telefones do TCU receberam chamadas de gente de peso. José Sarney, Luiz Carlos Santos e uma importante personalidade do Palácio do Planalto.
Todos pediram educadamente para o TCU apressar o seu relatório. A julgar por oportunidades anteriores, o independente tribunal deve apresentar uma conclusão, digamos, satisfatória para todas as partes.
Satisfatória para todos, menos para os contribuintes. O Banespa, maior rombo da história bancária mundial, vai ser arrumado à custa de quem não tem nada a ver com isso.

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