São Paulo, sábado, 11 de maio de 1996
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Promotoria pede soltura de 3 acusados

Eles estão presos há mais de 2 anos

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A promotoria pediu ontem ao juiz José Geraldo Antônio, do 2º Tribunal do Júri do Rio, a libertação de três acusados de praticar a chacina da Candelária.
Os promotores José Piñeiro Filho e Maurício Assayag alegam que a libertação dos réus Cláudio Luiz Andrade dos Santos, Marcelo Ferreira Cortes e Jurandir Gomes de França não representará "risco para a boa ordem pública". Santos, Cortes e França estão presos há dois anos e dez meses, apontados como chacinadores por meninos que sobreviveram à matança.
Os promotores desconsideraram esses reconhecimentos. Para eles, as investigações da DDV (Divisão de Defesa da Vida) da Polícia Civil resultaram em informações que contradizem os depoimentos dos sobreviventes.
Os promotores também pediram ao juiz que o julgamento dos três acusados, marcado para o próximo dia 27, seja adiado.
Se o juiz mantiver o julgamento para o dia 27, os réus deverão ficar presos até lá. A decisão do juiz sobre as solicitações do Ministério Público sairá na próxima semana.
Além de pedir a libertação dos réus, os promotores ofereceram denúncias contra os policiais militares Nelson Cunha e Marcos Aurélio Alcântara, que já confessaram participação no massacre. Na denúncia, os promotores pedem ao juiz que Cunha e Alcântara sejam alvo de inquérito judicial pela suposta prática de 14 homicídios (oito consumados e seis tentados).
Os promotores se pronunciaram a favor da libertação do ex-PM Carlos Jorge Liaffa Coelho e do soldado Nilton Oliveira, presos há um mês. Segundo os promotores, as suspeitas contra os dois e mais 13 investigados não se comprovaram por haver "insuficientes indícios de participação".
Os promotores não levaram em conta o reconhecimento de Liaffa Coelho pela testemunha Wágner dos Santos. Eles denunciaram ainda o ex-PM Arlindo Lisboa Afonso Júnior, por receptação de um revólver usado na chacina.
À noite, o juiz aceitou a denúncia dos promotores e decretou a prisão preventiva de Cunha e Alcântara. Por determinação judicial, não foram prorrogadas as prisões temporárias de Liaffa Coelho e Nilton Oliveira, que seriam soltos à noite. Segundo os promotores, a chacina não será mais investigada pela polícia.

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