São Paulo, domingo, 12 de maio de 1996
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Palmas para Tocantins!

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE DOMINGO

O Brasil é um gigante, um colosso, um continente aberto aos vôos da imaginação.
Mais uma prova dessas virtudes -e da irrefreável marcha do país rumo à globalização- chegou ao noticiário durante a semana: o Estado de Tocantins vai construir, na capital Palmas, uma réplica da tour Eiffel!
Sim, uma réplica em tamanho natural da estrutura de ferro erguida no final do século, em Paris. São 300 metros de altura e 7.000 toneladas de peso!
O projeto, de autoria do ínclito vereador Carlos Henrique Amorin (PTB), também chamado Gaguinho, foi aprovado por unanimidade pelos nove parlamentares do burgo, que já tratou de enviar uma comitiva ao país de Voltaire.
Comandada por um clérigo, a missão de Tocantins foi a Paris, segundo o vereador, "para tomar as medidas" do monumento. Muito justo -esperemos que tenham levado escada e fita métrica.
Não pensem, porém, que Gaguinho está criando despesas públicas inúteis. Afinado com os tempos de privatizações, ele assegura que tudo será feito com o auxílio da iniciativa privada.
Se Pisa tem torre, se Taiwan tem torre, por que não Tocantins? -pergunta o autor do projeto, que vê na réplica, segundo reportagem do jornal "O Globo", um marco para seu Estado e "quem sabe para todo o Norte do Brasil".
"A torre vai dar a Tocantins a dimensão que ele merece", conclui o vereador. É claro.
A iniciativa não deixa de ser um incentivo a outros municípios, que poderiam mirar-se em Gaguinho e Palmas. Teríamos, assim, em tão generoso território, outros "marcos" monumentais.
São Paulo, por exemplo, sempre constrangida com sua paisagem, poderia melhorá-la erguendo no horizonte uma réplica natural do monte Fuji.
A obra, à altura da operosidade do prefeito, contaria com recursos da comunidade japonesa e já contaria com a terra retirada dos túneis e congêneres que a prefeitura não pára de construir.
Brasília poderia fazer uma réplica do Pentágono para oferecer às Forças Armadas, um Pão de Açúcar não cairia mal em Teresina e César Maia poderia dar ao Rio uma cópia do arco do Triunfo -para seu próprio napoleônico deleite.

E-Mail mag@folha.com.br.

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