São Paulo, domingo, 12 de maio de 1996
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Dona-de-casa visita famílias

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Quase todos os dias, Regina Célia Pedrosa Vieira, 35, percorre bairros da zona norte visitando famílias com doentes de Aids. São mais de 20 casas, algumas com dois e até quatro pacientes.
Regina é uma voluntária do Projeto Criança Aids, mas entre as famílias e as ONGs virou uma espécie de "caçadora" de remédios.
A cada pedido que recebe, deixa a função de dona-de-casa e sai à procura de remédio. Na busca, participam o marido e os três filhos e entra o carro da família.
"Quando chego, as pessoas já perguntam que remédio estou levando", afirma. Regina diz que aprendeu a reconhecer a gravidade do caso pelo medicamento prescrito na receita. "Peço para laboratórios, médicos, amigos. Quando um doente morre, a família me passa o que sobrou."
No mês passado, Regina repassou remédios deixados por dois doentes que ela acompanhou durante meses. Um era escritor, outro o assessor administrativo Roberto C., 40.
Foi o ganciclovir deixado por Roberto que salvou a vista de Marcos Durval Galvani, 29, que trabalha como produtor em publicidade. "Um dia, no Emílio Ribas, me disseram que o remédio tinha acabado. A infecção nos olhos começou a piorar."
Em duas semanas, Galvani perdeu 30% da vista e hoje tem dificuldade para dirigir e realizar trabalhos à noite. "Teria ficado cego se não tivesse encontrado ajuda", afirma.
(AB)

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