São Paulo, terça-feira, 14 de maio de 1996
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Curto, médio ou longo?

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - É difícil não aplaudir a idéia de FHC de lançar um plano nacional para defender os direitos humanos no Brasil. O presidente fica comprometido. Está lá, tudo escrito.
Feita essa observação no parágrafo anterior, vamos ao que importa. E o que importa é o seguinte: qual a disposição política do governo para convencer o Congresso a votar as medidas que tornarão realidade o tal plano?
Há duas respostas para a indagação acima. Uma, a do governo: o empenho será total. A outra resposta é a de quem desconfia um pouco: vamos aguardar para ver.
Ao todo, são 228 propostas contidas no plano. Algumas, poucas, bem definidas. Outras, a maioria, vagas.
Trechos do documento ajudam a matar a saudade de velhos manifestos estudantis. Há uma inundação de boas intenções. E pouquíssima objetividade. Por exemplo: "Apoiar a expansão dos serviços de prestação da Justiça, para que estes se façam presentes em todas as regiões do país".
O leitor, por exemplo, pode apoiar abstratamente a luta contra a extinção do mico-leão-dourado. Mas, provavelmente, pouco faz a respeito. Porque apoiar pode sempre ser, apenas, um apoio filosófico.
O verbo "apoiar" é a primeira palavra do enunciado de 48 das 228 propostas de FHC -21,1% do total.
Mas o presidente foi além em seu plano. E fez propostas específicas. Um caso: "Propor a revisão da legislação sobre abuso e desacato à autoridade".
Isso significa que o governo vai mandar seus aliados no Congresso votar a favor de um futuro projeto de lei. E quando isso será feito? Segundo o plano de FHC, no "médio prazo".
E o que é curto prazo? Bom, aí o projeto não explica.
Há prazos para realização das propostas. São eles: "curto", "médio" ou "longo". Ninguém sabe quantas horas, dias, meses ou anos compreendem cada uma dessas categorias temporais.
Vamos aguardar o resultado.

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