São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 1996 |
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Privatização cria paradoxo
CELSO PINTO
O paradoxo esteve presente ontem em uma mesa-redonda do Fórum Nacional, realizado no Rio. A observação que mais surpreendeu foi a do economista Winston Fritsch, ex-secretário de Política Econômica do então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, e hoje representante do banco britânico Kleinworth Benson. Fritsch lembrou que serão necessários de US$ 10 bilhões a US$ 20 bilhões por ano em investimentos de infra-estrutura para viabilizar o crescimento do país. A curto prazo, não há dinheiro disponível no mercado privado, nem acesso do país a agências multilaterais. A conclusão de Fritsch é que caberá ao BNDES e à CEF arranjar este dinheiro de longo prazo para repassá-lo às empresas privatizadas. Ou seja, além de financiar por 20 anos os compradores de estatais, como faz agora, o BNDES teria também que prover o dinheiro para investimentos. Mas, então, para quê privatizar estas empresas? A principal razão é para que o setor privado possa suprir a incapacidade do Estado de investir em setores essenciais, como lembrou Cláudio Frischtak, ex-funcionário do Banco Mundial. O problema detectado por Frischtak é outro: a ausência de um marco regulatório e de uma agência reguladora independente pode desestimular investimentos, pelo aumento da insegurança. O projeto para a agência reguladora do setor elétrico (a ANEEL), a seu ver, cria funcionários dependentes do ministro, com alto poder discricionário, objetivos pouco claros, pouca transparência e pouca supervisão da sociedade e do Congresso. O exato oposto do que deveria ser. O cientista político Sérgio Abranches acha que os projetos atuais de regulação da energia e petróleo restauram a hegemonia das burocracias estatais destes setores. Armando Guedes, ex-presidente da Petrobrás, concorda. Fernando Xavier Ferreira, presidente da Telebrás, diz que, no caso das telecomunicações, a idéia é criar um órgão regulador independente, cujo projeto deverá ser encaminhado ao Congresso este ano. Texto Anterior: Telebrás prevê mudança em 97 Próximo Texto: Projeto vai servir de modelo Índice |
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