São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 1996
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FHC pode mudar julgamento de militar

DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ainda há uma saída para o presidente Fernando Henrique Cardoso tentar votar o projeto do deputado Hélio Bicudo (PT-SP), que transfere para a Justiça comum o julgamento de crimes cometidos por militares.
O texto do deputado foi considerado prejudicado pelo Senado.
Segundo a assessoria legislativa da Câmara, a única alternativa para se colocar em prática a proposta do deputado petista seria a aprovação do substitutivo do Senado pelo plenário da Câmara.
Depois de sancionado, o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso poderia emendar o projeto e propor as modificações para que o texto final se igualasse à proposta original.
A Comissão de Direitos Humanos da Câmara chegou a sugerir que FHC edite uma medida provisória sobre o assunto.

Decisão
A transferência de competência para julgar os crimes militares é também uma das metas a ser cumprida a curto prazo pelo governo, segundo o Programa Nacional de Direitos Humanos, divulgado anteontem no Palácio do Planalto.
"O presidente (FHC) é quem vai decidir se quer ou não ver mais evoluída a questão dos direitos humanos", disse Bicudo à Folha.
A pedido da oposição, a Mesa diretora da Câmara estuda a possibilidade legal de os deputados realizarem modificações no substitutivo enviado pelo Senado.
Outra alternativa seria segurar a votação do substitutivo até que o governo enviasse ao Legislativo um novo projeto com a mesma proposta.
Mudanças
Na versão dos senadores, somente quando ficar provada a intenção de se cometer crime contra a vida -homicídio, infanticídio, aborto e indução ao suicídio- é que haverá o encaminhamento para a Justiça comum.
Outra modificação estabeleceu que será a própria Justiça Militar quem vai estabelecer se o crime cometido foi doloso (quando há intenção) ou não.
"Isso é ridículo. Todos os policiais vão dizer que seus crimes foram sem querer", afirmou o deputado Hélio Bicudo.
Caso os deputados derrubem o substitutivo elaborado pelo Senado, é retomado o projeto original, apresentado pelo ex-deputado Genebaldo Corrêa e aprovado pela Câmara em 1992.
Como o texto produzido pelo Senado, esse também afirma que apenas os crimes dolosos contra a vida seriam julgados pela Justiça comum.
Comissão
Na reunião de ontem de manhã da Comissão de Direitos Humanos, foi discutido o Plano Nacional de Direitos Humanos, preparado pelo governo.
Houve poucas críticas. A dúvida da maioria dos deputados era sobre a participação do Congresso na execução do programa.

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