São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 1996
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TRT julga greve abusiva por 12 votos a 0

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O TRT (Tribunal Regional do Trabalho) julgou ontem a greve dos metroviários abusiva por 12 votos a 0. Nos seus votos, os juízes destacavam que o serviço é essencial e deveria ter sido mantido nos horários de pico.
O tribunal determinou ainda o pagamento de uma multa diária de R$ 100 mil se a greve não fosse encerrada.
O tribunal oficiou o Ministério Público para que ele averigue as responsabilidades pela paralisação total, para que possa ser cobrada a multa de R$ 60 mil que havia sido estipulada anteontem.
Essa multa se refere ao não-cumprimento da ordem do TRT de colocar todos os trens rodando nos horários de pico.
Os metroviários acusam o Metrô de não ter tomado nenhuma iniciativa para atender ao TRT.
Segundo o sindicato, o Metrô poderia ter convocado a PM ou metroviários aposentados para operar os trens.
O Metrô disse que não tinha condições de operar os trens sem os metroviários e acusa a categoria pela paralisação total.
Assembléia
Após a decisão do TRT, os metroviários decidiram, em assembléia às 19h, aceitar a proposta do tribunal e encerrar a paralisação. A categoria concordou com o reajuste de 16% arbitrado pelo TRT.
Segundo o diretor-administrativo do Metrô, Paulo Lourenço, a empresa vai analisar a decisão e pode recorrer ao Tribunal Superior do Trabalho, em Brasília.
Para o presidente da empresa, Paulo Goldschmidt, a proposta do Metrô era "melhor para os trabalhadores" do que a apresentada pelo TRT. "O abono de R$ 2.000 para todos os funcionários favorecia os que ganham menos. O reajuste igual para todos é melhor para os que têm salários mais altos."
O presidente do sindicato, Pedro Augustinelli Filho, disse que o fato de o abono não incidir sobre direitos trabalhistas, como o 13º e as férias, é prejudicial para os trabalhadores. "O reajuste foi pequeno, mas é melhor do que o abono proposto", afirmou.
Na assembléia, ficou decidido que a categoria vai abrir as catracas das estações, permitindo a passagem livre de usuários, se o Metrô entrar com recurso no Tribunal Superior do Trabalho contra a decisão de ontem do TRT.
O piso salarial do Metrô é de R$ 398,25. Segundo a empresa, o piso de um funcionário que trabalha na operação da rede é de R$ 643,44.

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