São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 1996 |
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Autopeças querem crédito do BNDES
DA REDAÇÃO A indústria de autopeças reivindica junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) financiamento às montadoras de automóveis brasileiras a juros internacionais.O dinheiro será destinado a projetos de pesquisa para o desenvolvimento de carros mundiais com a participação dos fornecedores de autopeças locais. Os financiamentos seriam entre US$ 300 milhões e US$ 500 milhões por montadora e projeto. A expectativa é de crédito de dez anos com dois a três anos de carência e juros da ordem de 6% ao ano. Paulo Butori, presidente do Sindipeças, que reúne o setor de autopeças, apresentou ontem a sugestão ao novo ministro da Indústria, do Comércio e do Turismo, Francisco Dornelles, em reunião na sede da entidade. Butori já havia apresentado a proposta ao presidente Fernando Henrique, que autorizou a negociação direta com o BNDES. A proposta foi a forma que o setor encontrou para continuar sobrevivendo. Com o financiamento do BNDES, o setor espera que as montadoras acabem comprando peças fabricadas no Brasil. Política industrial Dornelles disse que a visita ao Sindipeças faz parte da missão de se tornar "o ministro do setor privado". Está ouvindo sugestões dos representantes da indústria, do comércio e do turismo para tornar mais eficientes essas atividades no país. "Quem tem de definir a política industrial é o setor privado; o governo não vai dizer o que as empresas têm de fazer", disse Dornelles. O governo está disposto a apoiar o setor privado em todas as áreas para crescer, aumentar sua renda e gerar empregos, disse. Segundo Butori, com os altos juros do mercado interno (de seis a oito vezes maior que os de outros países), elevadas alíquotas de impostos, baixa taxa de importação (2%) e menor produção, o setor de autopeças brasileiro tem dificuldade de competir com o exterior. "Numa economia estável e com as montadoras internacionalizando suas compras (com alíquota de importação de apenas 2%), é morte a curto prazo", disse Butori. Francisco Dornelles disse que está realizando reuniões com os setores da indústria, comércio e turismo como forma de levantar dados para reduzir o chamado "custo Brasil". Geração de empregos Segundo Dornelles, respeitando os princípios da estabilidade econômica, pretende recolher sugestões do setor privado para "retomada do crescimento e geração de empregos". Dornelles disse que o ministério da Indústria, do Comércio, do Turismo está integrado ao da Fazenda e do Planejamento para o acompanhamento do programa da indústria automobilística. O presidente do Sindipeças disse que, com a retirada pelo governo do pedido de "waiver" (desculpas) junto à OMC, a expectativa do setor privado é que o governo negocie caso a caso. Isso significa que o governo brasileiro partiria para negociações diretas com o Japão e a Coréia, tentando uma solução fora da OMC. Investimento setorial O governo poderá autorizar novas montadoras do Japão e da Coréia com eventuais planos de investir no país a reduzir o índice de nacionalização dos veículos, de 50% para 35% ou 40%. O incentivo deverá ser negociado bilateralmente entre o Brasil e os países. Dornelles disse que o governo está atento a conflitos jurídicos com a OMC, mas não pretende alterar o programa automotivo que prevê investimentos de R$ 16 bilhões entre 1996 e 1999. Segundo o ministro, só no setor de autopeças serão investidos R$ 2,3 bilhões, podendo chegar a R$ 7 bilhões. A expectativa é que as exportações atinjam US$ 5 bilhões. Texto Anterior: Autogestão é alternativa de menor custo Próximo Texto: Dornelles mantém programa automotivo Índice |
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