São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 1996
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Juro sobe no mercado futuro e Bolsa cai

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Tesouro e BC (Banco Central) venderam títulos ontem.
Em ambos os casos, as taxas ficaram abaixo da curva de juros prevista pelo mercado futuro.
Mas, no caso do leilão do BC, o juro quase encostou (2,832% contra 2,838%, respectivamente). Sinal de perigo.
É consequência, não causa. Na véspera, o diretor de Política Monetária do BC, Francisco Lopes, se disse preocupado em controlar a oferta de dinheiro.
Trocando em miúdos, para os analistas de mercado, o juro vai permanecer alto (cair mais devagar ainda, se é que isso é possível) e os compulsórios devem continuar até o final do milênio.
A preocupação de Lopes -que é comparado pelo economista Luís Paulo Rosenberg a um frei antigo, que vive a dar chicotadas nas costas para, pela purgação, atingir a plenitude de espírito- afetou também o mercado futuro. As taxas subiram.
Em suma, o país vai continuar pagando um juro líquido (já deduzido o Imposto de Renda) de 13% ao ano sobre o câmbio.
Uma taxa de juros dessas deveria acalmar o mercado de câmbio -via ingresso financeiro. Mas não. Acaba pesando mais o chamado exemplo mexicano.
Circulou fortemente no mercado que a balança comercial (exportações e importações) de abril fica no vermelho. O país, estimam os analistas, deve importar entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões a mais do que exportar.
O dólar comercial (exportações e importações) passou o dia pressionado -pelas expectativas e por alguma saída.
Nas Bolsas, o mercado continua esperando o tal do rolo compressor governista -que parece ter patinado na telefonia celular.
A Bolsa paulista fechou em baixa de 0,95%, negociando R$ 272,684 milhões.
Pesou também o fato de o esperado resultado de Telebrás no primeiro trimestre ter sido contaminado por uma reversão do Imposto de Renda.
Ou seja, dos R$ 600 milhões esperados, entre R$ 130 milhões e R$ 180 milhões não são, na realidade, lucro da companhia. Em suma: o resultado é bom, mas deve ficar abaixo do que se esperava.
Para completar, o mercado começou a ver com desconfiança o leilão da Light.

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