São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 1996
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Força Sindical adere à greve geral da CUT

Medeiros critica FHC e ministros

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A central de trabalhadores Força Sindical vai anunciar hoje sua adesão à proposta de greve geral que está sendo organizada por sua rival, a CUT (Central Única dos Trabalhadores).
O presidente da Força Sindical, Luiz Antônio de Medeiros, e o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Paulo Pereira da Silva, disseram à Folha que a decisão é "irreversível".
"Não tem volta. A situação está ficando insustentável para nós. Não sou radical, mas o governo está numa posição de prepotência, de auto-suficiência, que não me dá alternativa", disse Medeiros, referindo-se ao desemprego.
O sindicalista é um aliado de primeira hora de FHC. Sua declaração representa, na prática, o ensaio de um rompimento. A Força, a mais conservadora das centrais, sempre atuou como linha auxiliar do governo entre os trabalhadores.
Reunião
A direção da Força deve acertar formalmente seu apoio à greve geral proposta pela CUT em uma reunião marcada para hoje. A dúvida é a data: 14 ou 21 de junho.
"A responsabilidade por isso (desemprego e recessão econômica) é mesmo do presidente Fernando Henrique. O ministro do Trabalho é muito bom de conversa, mas não faz nada de concreto", reclama Medeiros.
"O (José) Serra (Planejamento) não quer aparecer, nunca põe a cara para bater", continua Medeiros, como se já estivesse na oposição. Desde o início do governo FHC, é a primeira vez que ele faz, abertamente, críticas como essas.
Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, deu declarações igualmente ácidas: "Esses ministros não resolvem porra nenhuma. Nunca tive tanta facilidade de falar com o governo, mas não adianta nada".
"Eu ligo para o presidente, ele me atende. Se está em reunião, em 20 minutos liga de volta. Isso faz muito bem para a minha vaidade, mas não resolve os problemas do país", diz Paulinho.
Segundo Paulinho, "cerca de 5.000 metalúrgicos em São Paulo estão em greve por causa de salários atrasados. A situação é crítica, pois a greve não é para aumentar o salário, só é para receber".
Aposentados
A razão para o descontentamento de Medeiros e Paulinho foi o descaso do governo com a sugestão deles de conceder inflação integral no reajuste aos aposentados. Na base dos metalúrgicos de São Paulo, principal sindicato da Força, há muitos aposentados.
O governo deu um reajuste de 15% nas aposentadorias. "Falta pouquíssimo para chegar até o índice de inflação, que ficou em torno de 19%", diz Medeiros.
Na CUT, a adesão de Medeiros foi comemorada com cautela. "Nossa preocupação é construir a greve geral da forma mais ampla possível. Agora, vai depender do tipo de proposta que a Força vai defender para o movimento", disse João Vaccari Neto, secretário-geral da entidade.

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