São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 1996
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Brasil lidera mortalidade materna na AL

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil é um dos países recordistas na América Latina em mortalidade materna -morte de mulheres durante a gestação ou parto.
Os dados mais recentes do Ministério da Saúde atestam que, em 1991, foram registradas oficialmente 1.511 mortes.
Entretanto, relatório do próprio ministério diz que boa parte das mortes não é registrada e que o número real de mulheres que morreram durante gestação ou parto chegou a 3.761.
Isso significa que, para cada 100 mil bebês nascidos vivos, 114 mães morreram (a chamada taxa de mortalidade materna).
No relatório anterior, de 1988, a taxa havia sido de 134,7 mortes para cada 100 mil nascidos vivos.
No Chile e na Costa Rica, a taxa é mais de três vezes menor. Em países da Europa como Holanda ou Irlanda, a taxa chega a ser 57 vezes menor (2 mortes para cada 100 mil nascidos vivos).
Norte e Nordeste
As regiões Norte e Nordeste lideram o ranking de mortes maternas. Em 1991, o total de mortes oficiais nas duas regiões foi de 458.
Com a correção feita pelo ministério por causa das subnotificações, o total de mortes chegou a 1.374.
A maioria das mortes foi causada por toxemias (pressão alta durante a gravidez), hemorragias, infecções pós-parto e abortos malfeitos.
Prevenção
Segundo o obstetra José Formiga, chefe do programa de assistência à mulher do Ministério da Saúde, 98% das mortes maternas poderiam ter sido evitadas.
Falta de planejamento familiar, pré-natal e assistência médica de má qualidade durante o parto são apontadas por Formiga como os principais responsáveis pelo grande número de mortes no Brasil.
Para o obstetra, apesar de a taxa de mortalidade materna estar diminuindo, a queda é muito lenta.
"A quantidade de mulheres atendidas vem aumentando. Mas, para conseguirmos reduzir de verdade o número de mortes, é preciso melhorar a qualidade do atendimento. E isso é bem mais difícil."
Segundo ele, em países como o Chile, Argentina e Costa Rica a taxa é menor porque a população tem "maior nível sociocultural".
Em 28 de maio, quando é comemorado o Dia de Combate à Mortalidade Materna, o Ministério da Saúde lançará um plano nacional com o objetivo de reduzir drasticamente o número de mortes.
O plano incluirá campanha educativa na TV, além da distribuição de folhetos e pôsteres.

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