São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 1996
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Nacionalista assume governo indiano

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os nacionalistas hindus do Baratiya Janata assumem hoje, pela primeira vez na história, o governo da Índia.
O líder do partido, Atal Bihari Vajpayee, foi indicado ontem para formar o governo pelo presidente Shankar Dayal Sharma.
O Baratiya Janata (Partido do Povo Indiano) conseguiu a maior bancada no Parlamento após as eleições concluídas no dia 7, mas terá de negociar para obter a maioria necessária para governar.
Vajpayee presta juramento hoje em Nova Déli e tem até 31 de maio para conseguir a maioria.
O Baratiya Janata tem 195 deputados e precisa do apoio de pelo menos 273. Os nacionalistas estão tentando, sem sucesso aparente, conseguir o apoio de partidos regionais para obter a maioria.
"Acho que (o governo) não vai durar. Votaremos contra", disse Vithal Gadgil, porta-voz do Partido do Congresso, do premiê Narasimha Rao, que deixa o governo.
A aliança de partidos de esquerda conseguiu 180 cadeiras e obteve o apoio de 138 deputados do Partido do Congresso e aliados no início da tarde de ontem.
O grupo tinha também o compromisso de apoio de 60 parlamentares de partidos regionais.
Minutos após fechada a aliança da esquerda com os governistas, porém, Vajpayee saiu do palácio presidencial e anunciou sua indicação para formar o governo.
"Na nossa opinião, a vontade do povo está sendo subvertida pela manipulação de Narasimha Rao e pela ação brusca tomada pelo presidente", afirmou Jaipal Reddy, porta-voz da aliança de esquerda.
Os esquerdistas acusaram Rao de retardar a decisão de apoiá-los até que já fosse tarde demais.
Alguns acreditam que Rao quer se aproveitar de um eventual fracasso do governo dos nacionalistas para voltar ao poder.
Minorias
Minorias étnicas da Índia, incluindo 110 milhões de muçulmanos, temem que o Baratiya Janata retire destes grupos proteções especiais garantidas por lei.
Se mantiver promessa de campanha, o partido pode extinguir os diferentes códigos civis usados para os adeptos das três principais religiões do país (hinduísmo, islamismo e cristianismo).
Também deixaria de existir a Comissão de Minorias, que protege órgãos culturais e educacionais.
Mesmo com o temor, acredita-se que os radicais possam ser contidos por Vajpayee, um poeta de 69 anos, tido como moderado.
Um porta-voz dos nacionalistas disse ontem que as reformas econômicas liberais promovidas por Rao serão mantidas.

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