São Paulo, sábado, 18 de maio de 1996
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Franceses podem investir US$ 800 mi

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

A empresa estatal francesa EDF (Eletricité de France) quer a vice-presidência operacional da Light para fechar sua participação no megaconsórcio formado por grupos brasileiros para comprar a empresa geradora de energia.
O leilão está marcado para o próximo dia 21. O cargo é considerado estratégico -seu titular responderá pela administração da geração e distribuição de energia.
A EDF informou, em documento enviado a grupos brasileiros do consórcio, que dispõe de US$ 800 milhões para participar do leilão.
No acordo proposto pela EDF, a presidência seria de um brasileiro. Benjamin Steimbruch, presidente do Conselho de Administração do grupo Vicunha, é o principal candidato ao cargo.
A EDF, que entra no leilão ligada às empresas norte-americanas Houston Powers e AES, vai usar, além de capital próprio, dinheiro de bancos europeus. A empresa detém o monopólio do setor na França e exporta energia para Inglaterra e Espanha. É proprietária de cerca de 50 usinas nucleares.
A avaliação do mercado é que dos quatro grandes grupos que tentarão conseguir o controle da Light, um deve ficar de fora.
Como os dois grupos brasileiros já estão praticamente acordados e a EDF e a Chilectra (grupo chileno que distribui energia no Chile, Buenos Aires e Lima) fazem questão de operar os sistemas da Light privatizada, uma das duas deve sair do leilão de mãos vazias.
Os grupos brasileiros são a CSN e o GTD-Iven. No grupo da CSN, a construtora Camargo Corrêa e a seguradora Sul-América se juntam aos sócios da siderúrgica (Vicunha, Bradesco, Safra). Há ainda dinheiro do caixa da própria CSN.
O GTD-Iven (reúne os 11 maiores fundos de pensão do país e bancos como o Bozano, Simonsen, Opportunity e Pactual) tem R$ 400 milhões para o leilão.
O grupo da CSN, segundo o mercado, deve entrar no leilão com entre R$ 300 milhões e R$ 600 milhões. A Chilectra teria, segundo estas avaliações, R$ 300 milhões em recursos próprios e poderia captar mais R$ 500 milhões.
O mínimo necessário para que o leilão seja efetivado é R$ 1,65 bilhão, o que corresponde a 50% mais uma ação da empresa. Estão à venda 60% das ações da Light ao preço de R$ 2,4 bilhões.
Ontem foi realizado, na Bolsa de Valores do Rio, o ensaio do leilão. O Sindicato dos Urbanitários promete fazer um ato contra a privatização na frente da bolsa no dia 21.

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