São Paulo, sábado, 18 de maio de 1996 |
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Polícia Federal investiga morte de guaranis-caiuás no MS Para delegado, assassinatos são apresentados como suicídio MYRIAN VIOLETA
A Funai (Fundação Nacional do Índio) registrou, em 1995, 56 suicídios entre guaranis-caiuás em todo o Mato Grosso do Sul. Dezenove foram na reserva de Dourados. A denúncia foi feita pela antropóloga Roseli Aparecida Arruda. A investigação foi determinada à Polícia Federal pelo Ministério Público Federal no Estado. De acordo com o procurador da República Paulo Tadeu Gomes da Silva, 31, "alguns casos apresentados como suicídios são gritantes. Mata-se e forja-se o suicídio". Segundo o delegado da PF em Dourados, Lázaro Moreira da Silva, 34, quatro testemunhas já foram ouvidas desde quinta-feira. "Estamos investigando seis casos considerados os mais estranhos. Há evidências de que houve simulações nas mortes, mas isso não retira a realidade de que os guaranis-caiuás se suicidam." Tanto o procurador como o delegado preferem não dizer quem são os suspeitos de ter cometido os assassinatos. "Há muita coisa errada que devemos investigar", disse o delegado. O dossiê feito pela antropóloga diz que o Conselho Indígena, espécie de polícia da aldeia, formado por 15 índios que auxiliam o capitão-da-aldeia (cacique), seria o responsável pelas mortes. "A maioria são crianças", disse o procurador. "Eles vivem em situação de extrema miséria. Nem água têm. Isso não pode perdurar." O delegado da PF disse que um dos casos mais estranhos é o de uma menor que disse ter matado um índio encontrado enforcado. "Ela pode estar tentando assumir o crime de alguém", disse. Texto Anterior: Justiça expropria fazendas de maconha Próximo Texto: Governo FHC é criticado Índice |
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