São Paulo, sábado, 18 de maio de 1996
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PT quer fim de paralisação em Brasília

PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A mais longa greve dos professores da rede pública do Distrito Federal desde 1991 entra hoje no seu 40º dia provocando um racha entre os sindicalistas e o PT, que defende a volta às aulas -assim como o governador Cristovam Buarque, filiado ao partido.
Em geral, movimentos sindicais de funcionários públicos de administrações petistas causam outro tipo de ruptura: o partido apóia os grevistas e briga com o governo.
No dia último dia 13, 12 dos 13 integrantes da executiva regional do partido optaram pelo fim da greve. Os professores querem 46,19% de aumento.
Mas ontem a greve foi mantida em assembléia com 4.000 participantes, segundo a diretoria do sindicato -e 1.500, segundo professores que defendem o fim da greve.
"O salário dos professores no DF foge ao poder local", disse a deputada federal Maria Laura, presidente do PT no Distrito Federal.
A folha de pagamento das áreas de educação, saúde e segurança pública do DF vem do governo federal. Do Tesouro sairá mais da metade dos cerca de R$ 3 bilhões do Orçamento do DF em 96.
"Há muito tempo estamos pedindo ao governador para irmos juntos exigir mais dinheiro do governo federal", afirmou ontem a diretora do Sinpro (Sindicato dos Professores) Rejane Pitanga.
Buarque disse que já pediu mais verba e não conseguiu: "Eles estão tentando elevar a média nacional de salários para R$ 300 e dizem que não podem dar mais ao DF".
O salário do professor do DF é o maior do Brasil, segundo o Ministério da Educação. O piso é de R$ 846,98 por 40 horas semanais para quem está em início de carreira e tem formação de 2º grau.
Segundo o sindicato, 65% dos 22 mil professores estão em greve. Segundo o governo, 60% das escolas já estão funcionando.
A CUT do DF quer o fim da greve, "desde que o governo apresente alguma proposta, mesmo que a longo prazo", disse o presidente da entidade, José Zunga.
Servidores
As entidades que representam os servidores públicos federais em greve vão decidir amanhã, em Brasília, se mantêm a paralisação.
O ministro Luiz Carlos Bresser Pereira (Administração) disse que não negociará antes da volta ao trabalho. "Não existe a menor chance de eu conversar antes de a greve acabar."
Os servidores devem ir divididos para a plenária. Até agora, a manutenção da greve foi consensual. A tendência é que a greve, que completou um mês na quinta-feira, termine nos próximos dias.

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