São Paulo, sábado, 18 de maio de 1996
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É PRECISO FAZER ALGO

O aumento do desemprego, agravado pela perspectiva de crescimento econômico reduzido, tem gerado um sentimento de angústia sobre trabalhadores e empresários.
O governo insiste na necessidade de reformas estruturais que permitiriam, pelo menos no longo prazo, a retomada do crescimento. Mas quantos estarão dispostos a esperar por esse longo prazo?
A opção da central de trabalhadores Força Sindical em favor de uma greve geral é sintomática, justamente porque essa liderança trabalhista costumeiramente abraça posições menos radicais do que a sua rival CUT. Tem sempre se empenhado em favor das reformas e não raro formou fileiras junto aos próprios empresários na busca de soluções criativas, forjando o que se notabilizou como "sindicalismo de resultados".
Segundo Luis Antônio Medeiros, "a situação está ficando insustentável para nós. Não sou radical, mas o governo está numa posição de prepotência, de auto-suficiência, que não me dá alternativa".
Quando as lideranças menos radicais dizem-se "sem alternativa" que não o confronto direto com o governo, pode-se temer pelo pior.
O movimento sindical encontra-se num impasse terrível. De um lado, não pode simplesmente observar passivamente o agravamento das condições de emprego. Afinal, menos trabalhadores contratados é sinônimo também de menos trabalhadores sindicalizados.
Ao mesmo tempo, as opções que se colocam hoje como alternativa mostram-se verdadeiramente tímidas diante da força restritiva de uma política econômica cuja prioridade é a inflação baixa, ainda que promovendo um desemprego crescente. E são "alternativas" mais tímidas ainda levando-se em conta que futuros investimentos virão com novas tecnologias, que geram menos emprego.
Entre não fazer nada e fazer o que pode não dar em nada debate-se hoje, não apenas o sindicalismo, mas a própria sociedade brasileira.

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