São Paulo, sábado, 18 de maio de 1996
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Mais que um rumor?

CLÓVIS ROSSI
São Paulo - Um rumor que circula pelo mercado faz algum tempo ganha pelo menos certa credibilidade a partir de informações publicadas ontem por esta Folha.
Diz o texto que todos os documentos que resultaram na decretação da intervenção no Banco Nacional e sua subsequente compra pelo Unibanco "foram feitos pela mesma pessoa, usando o mesmo computador".
O que se comentava antes no mercado? Que todos os textos relativos ao assunto, inclusive a MP (Medida Provisória) que lançou o Proer, o programa de ajuda aos bancos em dificuldades, foram elaborados por alguém (ou "alguéns") de fora do governo. Mais especificamente: uma pessoa ou grupo de pessoas do próprio mercado financeiro, obviamente especializado no tema.
Já que a Procuradoria da República está com a mão na massa, poderia investigar também esse detalhe, embora, como é óbvio, seja de difícil comprovação até mesmo para quem tenha amplos poderes para investigações.
De todo o modo, já deveria estar armado um enorme escândalo simplesmente com o relatório preliminar da Procuradoria, antecipado anteontem pelo jornalista Janio de Freitas, nesta Folha.
A sucessão de atos praticados num único dia (ainda por cima um sábado) leva todo o jeito de prova de que o Banco Central sabia de tudo sobre o Nacional bem antes de decretar uma intervenção que, na verdade, não foi intervenção, mas um corredor (curto) para a venda ao Unibanco.
Ora, se o BC sabia, é óbvio que, ante a gravidade da situação, também os escalões superiores sabiam, começando pelo ministro da Fazenda, ao qual é subordinado o banco, e terminando no presidente da República.

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