São Paulo, sábado, 18 de maio de 1996 |
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Recibo público FERNANDO RODRIGUES Brasília - A nota oficial de nove pontos divulgada ontem pelo Palácio do Planalto é resultado de mais um fracasso de comunicação do governo de Fernando Henrique Cardoso. No entender de FHC, não houve mudança de tática em relação às negociações com o Congresso. Ainda assim, a imprensa estaria divulgando que o fisiologismo campeia no governo. A nota oficial, sisuda, atípica, foi a forma encontrada para tentar divulgar e fazer prevalecer a versão palaciana dos fatos. A decisão foi tomada durante uma reunião matinal tensa de FHC com seus assessores. O presidente considera particularmente imprecisas as formas como três questões foram divulgadas. A seguir, a curiosa análise feita por FHC: 1) Ruralistas - a renegociação das dívidas já havia sido feita e assinada no ano passado. Isso não tem nada a ver com a votação das reformas. Os R$ 7 bilhões já estavam perdidos pelo governo há algum tempo; 2) MP do Banco do Brasil - a derrubada dos quatro artigos, de fato, pode privilegiar os ruralistas em dívidas futuras. "Mas o Tesouro não está perdendo absolutamente nada por isso agora", ouviu FHC de seus assessores; 3) Mendes Júnior - do jeito que foi apresentada a proposta pela bancada mineira, o Planalto diz que não aceita. Os jornais estariam dando como certo o pagamento integral, e isso irritou FHC. Haverá negociação, mas o valor final pago será menor do que o pedido pela empresa. Na realidade, a nota oficial foi o maior recibo público de barganha política que se tem notícia na história recente de Brasília. Mas não foi um ato de incúria tática. Foi tudo calculado. FHC acha que é melhor enfrentar de uma vez a questão. Dê-se a ela o nome que quiser. O presidente chama o que faz de negociação política. Antes, dizia ser fisiologismo. FHC quer vencer um debate que acredita ser apenas semântico. Texto Anterior: Mais que um rumor? Próximo Texto: O Maduro Índice |
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