São Paulo, domingo, 19 de maio de 1996
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Parceria melhora uso da terra em Minas

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O projeto de parceria entre agricultores e proprietários de terra em Uberaba, Triângulo Mineiro, iniciado há 11 anos, tem apresentado resultados que surpreenderam os próprios fazendeiros da região.
Em 1985, foi criada a Bolsa de Arrendamento e Parcerias de Terra, para mudar as características de exploração na região, dominada principalmente pelo gado zebu.
Segundo o idealizador do projeto, o ex-funcionário do Banco do Brasil José Humberto Guimarães, a boa qualidade das terras, 70% da área agriculturável é plana e mecanizável, facilitou as parcerias.
Os agricultores com experiência e maquinário para plantar foram atraídos principalmente para o Sul, onde tinham os instrumentos, mas não dispunham de terras.
A busca de "agricultores profissionais" foi uma condição básica para as parcerias darem certo. Esses agricultores tinham que ter pelo menos um trator, uma colheitadeira e recursos para limpar a área.
Cerca de 300 famílias se associaram com fazendeiros, em parcerias formadas com prazo médio de cinco anos. O tamanho das glebas arrendadas em parceria é variável, mas levantamento por família indica área média de 270 hectares.
Guimarães disse que foram feitas "joint-ventures do campo" -associação em que os fazendeiros e os lavradores compartilham investimentos, lucros e prejuízos.
Grãos
A Bolsa de Arrendamento foi encampada pela prefeitura. Uberaba passou a produzir quase o dobro de soja e milho, tornando-se um dos principais produtores desses grãos em Minas Gerais.
A produção de soja e milho na safra 94/95 foi de 225 mil t (em 75 mil hectares), contra 120 mil t há dez anos (em 50 mil hectares), segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural.
Atualmente, cerca de 60% da área onde se cultiva a soja e o milho estão em regime de parcerias.
Boa parte das áreas destinadas às parcerias eram de pastagens degradadas. No início, disse Guimarães, os pecuaristas resistiram às parcerias por acharem que a criação de gado seria prejudicada.
Passados onze anos, o resultado foi o contrário. O plantel atual é de cerca de 280 mil cabeças, contra 180 mil em 1986.

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