São Paulo, domingo, 19 de maio de 1996
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PT adota estratégia light e quer evitar embate com malufismo

Erundina prioriza zona oeste para tirar votos de Rossi

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Luiza Erundina que o PT aclamará hoje como sua candidata a prefeita de São Paulo será apresentada ao eleitorado como a face do PT cordato, sem raiva.
A estratégia light imaginada pelo comando de campanha do PT paulistano passa, na primeira etapa de campanha, por uma discreta blitz nos redutos de Francisco Rossi (PDT) e uma fuga ao confronto com o malufismo.
"O voto no Rossi não é totalmente consolidado e não nos interessa polarizar com o Maluf, que nem é candidato", diz Jilmar Tatto, coordenador da campanha de Erundina.
Na tentativa de abater Francisco Rossi, que divide com Erundina a liderança na corrida sucessória, o PT vai privilegiar na agenda da candidata as visitas a bairros da região oeste da cidade, que faz divisa com Osasco, berço político do candidato do PDT.
"É ali a concentração maior dos votos do Rossi e no eleitorado pobre, como o de Erundina", afirma Tatto.
Pitta
Com Celso Pitta, candidato do malufismo, a receita é outra. O PT pragmático sabe que o índice de aprovação à atual administração recomenda a troca do discurso belicoso pela fuga ao confronto.
"Não vamos servir de escada para o Pitta aparecer e nem precisamos criticar o governo Maluf porque temos o que mostrar", desconversa Tatto sobre o verdadeiro objetivo do PT na eleição da capital do Estado.
O que o comando de Erundina teme é o cotejo das duas administrações (de Erundina e Maluf), pelo menos no primeiro estágio da campanha.
O raciocínio do PT é que, com a publicidade oficial e do comitê de Pitta, o malufista poderia aproveitar o embate para criar uma polarização já no primeiro turno.
"Nós não vamos chamar o Maluf para a briga. Isso é tudo o que ele quer", acha Tatto. A simples recusa ao debate com o tradicional "inimigo" dá a pista para a mudança da tática do PT. Mas não é o único indício.
Mercadante
A campanha "propositiva" não gostou da primeira entrevista de Aloizio Mercadante como candidato a vice-prefeito. Na ocasião, Mercadante desancou o Plano Real, que, também segundo as pesquisas, mantém alta taxa de aprovação no eleitorado.
Tatto insiste que o discurso contra o Real não será prioridade nos palanques de Erundina. "Vamos nos contrapor à política neoliberal com propostas concretas para combater o desemprego", adianta.
No programa de governo de Erundina devem ser incluídas propostas como a criação de um "Banco Popular" para o fomento de pequenas empresas, nos moldes do já em funcionamento em Porto Alegre, que é administrada pelo PT.
A idéia do PT é profissionalizar a campanha de Erundina, com a utilização de pesquisas qualitativas. A principal tarefa aí é tentar municiar a candidata de dados para tentar diminuir sua elevada taxa de rejeição.
O veto de parte considerável do eleitorado a Erundina é desde já a principal preocupação no partido para enfrentar um eventual segundo turno da disputa pela prefeitura paulistana.

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