São Paulo, domingo, 19 de maio de 1996
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Dez fundos têm R$ 10 bilhões em bancos

VIVALDO DE SOUSA
GUSTAVO PATÚ

VIVALDO DE SOUSA; GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Maior parte das aplicações está no BB, mas Econômico também recebia depósitos
Os três maiores fundos de pensão brasileiros tinham R$ 183,5 milhões aplicados no Banco Econômico em fevereiro. Apesar de ter sua crise financeira conhecida pelo menos desde julho de 95, o principal banco da Bahia foi a instituição privada que mais recebeu dinheiro dos três fundos.
O valor aplicado no Econômico representava, em fevereiro, 0,75% do que a Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), a Funcef (servidores da Caixa Econômica Federal) e a Petros (funcionários da Petrobrás) tinham aplicado nos bancos.
A maior parte dos depósitos dos fundos estava nos dois maiores bancos do país, ambos federais: Banco do Brasil (R$ 4,3 bilhões) e Caixa Econômica Federal (R$ 654 milhões), conforme dados da Secretaria de Previdência Complementar (SPC), órgão do Ministério da Previdência Social, obtidos pela Folha.
Os recursos nesses bancos estavam aplicados em CDBs (Certificados de Depósito Bancário) e fundos de investimentos.
A Petros, por exemplo, teve R$ 90 milhões retidos no Econômico, conforme a Folha apurou.
No Excel
No mesmo mês, os dez maiores fundos de pensão do país -sendo oito deles patrocinados por estatais- tinham R$ 109 milhões aplicados no Excel, que comprou o Econômico após a intervenção do Banco Central no banco baiano.
Não estão incluídos nesse total os R$ 54 milhões que a Centrus, dos funcionários do Banco Central, tinha no Econômico à época da intervenção.
As aplicações dos fundos de pensão são regulamentadas pelo Banco Central, que fixou normas para garantir a segurança do dinheiro dos participantes. A escolha dos bancos nos quais os recursos são aplicados é feita pelos administradores.
Esses administradores são, no caso dos fundos patrocinados por empresas estatais, geralmente nomeados pelos presidentes das empresas. Eles negam, porém, sofrer ingerência política no momento de fazer as aplicações.
Quando a Centrus teve seu dinheiro retido no Econômico, por exemplo, o presidente da entidade, Sílvio Rodrigues Alves, disse não ter sido orientado antes a aplicar no banco. Argumentou ter escolhido a instituição pela solidez exibida nos balanços.
54 bancos
Os dados da SPC, órgão da Previdência responsável pela fiscalização dos fundos de pensão, mostram que em fevereiro os dez maiores do setor investiam R$ 10,4 bilhões em 54 bancos nacionais e estrangeiros.
O menor volume de aplicações estava no Meridional (R$ 7,5 milhões). O Banespa, o maior banco estadual do país, tinha apenas R$ 13,4 milhões destes fundos de pensão.
O Unibanco era em fevereiro o quarto banco em volume de aplicações, seja dos três maiores fundos de pensão (R$ 164,8 milhões), seja dos dez maiores (R$ 334,6 milhões).
O BMG, um banco médio de Minas Gerais, ocupava a quinta colocação no caso dos três maiores (R$ 156,5 milhões).
Se a comparação fosse entre os dez maiores fundos de pensão, o BMG ficaria em terceiro lugar com R$ 399,1 milhões.
Concentração
A concentração de aplicações no BMG chamou a atenção dos técnicos da SPC. Eles pretendem saber do banco que tipo de investimento é oferecido aos fundos de pensão.
Em fevereiro, os dez maiores fundos de pensão tinham R$ 3,5 bilhões aplicados em CDBs e R$ 1,1 bilhão em RDBs (Recibos de Depósito Bancário).
Outros R$ 2,6 bilhões estavam aplicados em caderneta de poupança e R$ 4 bilhões em FIFs (Fundos de Investimento Financeiro).
No mesmo mês, os 340 fundos de pensão mantinham R$ 21,3 bilhões aplicados em fundos de renda fixa, ainda segundo os dados colhidos pela Secretaria de Previdência Complementar.

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