São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 1996
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Ex-frade afirma que a morte foi na rua

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

O ex-frade dominicano Yves do Amaral Lesbaupin, 49, diz nunca ter conversado com Genésio Homem de Oliveira, ex-militante da ALN, sobre a ação policial durante a qual Carlos Marighella foi morto.
Lesbaupin conta que um mês depois da morte de Marighella os dois frades foram transferidos do Dops para o presídio Tiradentes. Lá, foram inquiridos por "três ou quatro" militantes da ALN.
"O Genésio não estava entre eles. Contei tudo o que havia acontecido. Nunca disse que Marighella estava no carro quando foi morto. Ele estava na rua."
O ex-frade diz também não conhecer Tercílio Cavalcanti.
Em seu depoimento, anexado ao dossiê sobre o caso Marighella entregue à Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos, Lesbaupin contou que viu o líder da ALN se aproximando sozinho e a pé do carro onde ele e frei Brito estavam.
Segundo Lesbaupin, quando Marighella chegou, os dois frades foram retirados do carro, jogados no chão e os tiros começaram.
Ele contou que, alguns minutos depois, ouviu o delegado Sérgio Fleury gritar para que os policiais parassem. Diz que não viu Marighella caído, mas afirma ter visto Fleury de pé no meio da rua.
(CG)

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