São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 1996
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Havia infiltração, diz delegado

DA REPORTAGEM LOCAL

O delegado Francisco Guimarães do Nascimento, 66, chefe do Serviço de Informações do Dops paulista em 1969, diz que havia agentes infiltrados na ALN quando Carlos Marighella foi morto.
"Sempre tivemos gente infiltrada na ALN. Essa pessoa ainda vive", conta Nascimento, hoje presidente do Conselho Estadual de Trânsito. "Os padres se prontificaram a servir de isca. Só isso."
Desde os anos 70, frei Betto diz que havia infiltração e que a responsabilidade pela morte não poderia ser exclusiva dos frades.
Moacir Nunes Dias, diretor do Dops à época da morte de Marighella, defende que o cerco ao líder da ALN resultou da reformulação que implantou no departamento.
Foi Dias quem decidiu tratar adversários políticos do regime militar e guerrilheiros como criminosos comuns. "Até 1969, o Dops era um centro de discussões ideológicas, políticas, tudo muito abstrato. Decidi usar policiais habituados a procurar provas materiais", diz.
Para implantar a nova ordem, Dias afirma ter levado ao Dops policiais do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), como Sérgio Fleury.
Fleury também foi acusado de pertencer ao Esquadrão da Morte.
Dias afirma nunca ter visto cenas de tortura quando dirigiu o Dops.

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