São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Angra grava CD-tributo ao Judas Priest

MARCEL PLASSE
ESPECIAL PARA A FOLHA

Cada vez mais consolidado no exterior, o grupo brasileiro Angra acaba de gravar uma faixa para um tributo ao Judas Priest. O disco, que sai até julho na Europa, Japão e EUA, traz uma seleção de convidados para deixar qualquer cabeludo batendo a cabeça de felicidade. Além dos brasileiros, entram metaleiros do peso de Helloween, Forbidden, Testament, Saxon, Accept, Mercyful Fate e Iron Maiden.
Angra participa com o último sucesso da carreira do Judas Priest, "Painkiller" (90). O vocalista André Matos, que se confessa um fã da banda de Rob Halford, diz que nenhum outro grupo teve "coragem" de encarar a música de cerca de seis minutos de duração.
"Na verdade", ele conta, "os caras estavam duvidando que a gente ia fazer direito, porque é uma música muito difícil, com muitas variações de andamento".
Judas Priest foi a banda mais pesada de heavy metal dos anos 70. Formada na Inglaterra em 1971, fixou o visual do metal dos anos 80, com roupas de couro e correntes.
"Painkiller" já era um cover estabelecido no repertório do Angra. O jornalista Gotz Kuenehmund, da revista alemã "Rock Hard", que organiza o tributo, a ouviu e encomendou a gravação.
A faixa foi produzida pelo alemão Charlie Bauerfeind, que fez os dois álbuns do Angra. O resultado, gravado no estúdio Be-Bop, em São Paulo, é uma pauleira até para os padrões da banda. Mas André ameaça pôr alguns teclados na versão, quando for mixá-la na Alemanha, com o objetivo de manter o estilo "melódico" do Angra.
O heavy "melódico" -vocais agudos e instrumentais virtuosos- tem pouca aceitação nos EUA, mas muitos fãs na Europa (especialmente Alemanha, Itália e França) e no Japão.
A Alemanha, segundo lar do Angra (passou mais de um ano no país), se tornou o principal berço de bandas do gênero, como Scorpions, Accept e Helloween.
Há variações suficientes no rock pesado (não, metal não é tudo igual) para colocar o melódico Angra no extremo oposto do gutural Sepultura. Mesmo assim, os jornalistas estrangeiros vêem similaridades entre as duas bandas.
"O que ocorreu é que o nosso novo álbum, 'Holy Land', enfocou mais o lado de ser brasileiro, e agregando elementos da música e da cultura brasileira, como o 'Roots', do Sepultura", diz André.
Diante do sucesso internacional, André pondera: "A gente ouvia Judas Priest quando era moleque. Dizia: 'um dia quero ser como esse cara (Rob Halford)'. Olha, agora, onde estou".

Texto Anterior: Fumaça e outras "sujeiras" do ar mudam a cor da Lua
Próximo Texto: Banda faz mais sucesso no Japão
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.