São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 1996
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Steinem não odiava os homens

DA REDAÇÃO

Gloria Steinem vive hoje de rápidas aparições em formaturas de turmas de faculdade ou entrevistas em talk-shows.
Seus discursos, afirma a nova geração de feministas, são fruto de um momento de guerrilha, e não de reflexão.
Isso acabou transformando seu nome em produto para ser usado quando se quer justificar uma atitude tão "radical" quanto não mentir mais sobre o peso, ou assumir a idade sem omitir alguns "aninhos".
Mas Steinem foi a primeira feminista que deu ao movimento, nos anos 60, o que ele mais necessitava: um rosto lindo e um corpo belíssimo associados a uma firmeza de convicções.
Para combater os estigmas de que toda a mulher voltada para a reivindicação de seus direitos é uma "frustrada sexual" ou "uma feia que não consegue homens", havia Steinem.
A grande ironia, evidenciada no glamour feminista da revista "Ms", dirigida para a nova mulher atuante, é que um discurso preconceituoso servia para demolir outro. Steinem era interessante porque era atraente.
Shere Hite, em certo sentido, trabalhava no mesmo registro. Seus cabelos ruivos e olhos claros serviam para demonstrar que os relatórios não eram fruto da mente de uma mulher que odiava homens.
Entre as chamadas pós-feministas o discurso não passa mais por essa necessidade de aceitação, mas radicaliza o movimento ao não exigir apenas ganhos práticos, como salários ou respeito na sociedade. O objetivo agora é mergulhar nas novas definições dos papéis sexuais de cada um.
Tanto Camille Paglia, que tem seu livro "Vamps and Tramps" lançado agora no Brasil, quanto Naomi Wolf ("a nova musa"), acusa Steinem, só existem porque em algum momento houve Gloria e suas amigas.

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